A Revolução Russa de 1917 e a esquerda latino-americana

CONHECER O EXEMPLO PARA NÃO REPETIR OS MESMOS ERROS
Por Klaus Meschkat*

Vladimir Lênin e Leon Trotsky celebram o segundo aniversário da revolução em Moscou (1919).
Vladimir Lênin e Leon Trotsky celebram o segundo aniversário da revolução em Moscou (1919).

“(…) a causa do México revolucionário e a causa da Rússia
constituem uma causa da humanidade e o interesse supremo
de todos os povos reprimidos”
Emiliano Zapata

Quando os bolcheviques voltaram do exílio e ascenderam ao poder no início de novembro de 1917 em Petrogrado por meio de um golpe armado, viram-se como a vanguarda de uma revolução mundial prestes a eclodir. A Revolução Russa seria um prelúdio, justificando a conquista do poder constituído em nome de um proletariado que na própria Rússia representava apenas  uma minoria da população. Num primeiro momento, de modo bastante “eurocêntrico”, as esperanças revolucionárias internacionalistas se concentraram no proletariado dos países  industrializados desenvolvidos – a Alemanha em primeiro lugar.

O mundo fora da Europa ainda não estava na “fotografia”. Foi só depois do fracasso de revoluções proletárias na Europa Ocidental e Central que o potencial revolucionário de movimentos de  libertação nacional nas colônias e nas semicolônias começou a ganhar mais relevância estratégica para os bolcheviques. Compreensivelmente, em um primeiro momento, eles se voltaram para os “povos do Leste” limítrofes ou as nações que faziam parte do próprio império russo, enquanto a América Latina permaneceu distante durante muito tempo, não só em termos geográficos.

ponto de debateA Revolução Russa de 1917 e a esquerda latino-americana
Autor: Klaus Meschkat
Ponto de Debate nº 14, setembro de 2017
Baixe a publicação  (formato pdf)
ISSN 2447-3553
 

É verdade que, ainda antes da Revolução de Outubro, no México se inicia uma das grandes revoluções do século XX. Mas a ressonância na Europa da Primeira Guerra Mundial e do pós-guerra foi limitada, ao mesmo tempo que, no México, a ala mais radical da revolução já percebia a relevância histórica da Revolução Russa e buscava conectar-se com ela.

Assim, Emiliano Zapata escreveu em fevereiro de 1918 a um amigo: “Nós e a justiça humana ganharíamos tanto se todos os povos da nossa América e todas as nações da velha Europa  compreendessem que a causa do México revolucionário e a causa da Rússia constituem uma causa da humanidade e o interesse supremo de todos os povos reprimidos”. Na mesma carta, Zapata fala da “analogia visível, do nítido paralelismo, da absoluta igualdade entre o movimento russo e a revolução agrária no México”. Na mesma época, o ativista e teórico do movimento anarquista  mexicano, Ricardo Flores Magón, enxergava no movimento russo de outubro o início de uma grande revolução mundial.

… para ler mais, veja aqui.

Tradução: Kristina Michahelles

* Klaus Meschkat sociólogo e historiador. Foi professor na Universidade de Antioquia na Colômbia (1969/70) e, entre outros cargos acadêmicos, começou a trabalhar em 1973 como professor na Universidade de Concepción, no Chile. Depois do golpe que depôs Salvador Allende, foi preso, levado para a Ilha Quiriquina pelo governo militar do general Augusto Pinochet e expulso do país. De volta à Alemanha, foi professor de Sociologia na Universidade de Hanôver com ênfase na História da América Latina até se aposentar. Leia mais sobre o autor aqui

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