Porra, Vito

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Vito e a companheira Claudia em premiação do jornal Brasil de Fato, em maio deste ano (Foto: Brasil de Fato)

Por Verena Glass
Ontem, dia 24 de julho de 2015, ele foi embora. Sem aviso prévio, Vito Giannotti, aos 72 anos, se foi, silencioso. Um silêncio macio que, bem sabem os que o conheceram, nunca foi sua marca.
Nascido em Lucca, na Itália, Vito chegou ao Brasil pouco depois do golpe militar. Tinha 21 anos e vinha de uns tempos de aventura como marítimo em um barco de pesca industrial. Gostou daqui e ficou, muito porque, segundo contou em várias entrevistas, se encontrou como militante político (coisa que não logrou, de forma que satisfizesse, em seu país de origem).
Depois de aportar no país que adotaria como pátria, até cursou um tempo de sociologia, mas acabou operário e insurgente em São Paulo. Foi dirigente da histórica Oposição Sindical Metalúrgica, preso– sob Fleury – pela ditadura e cofundador da CUT. Viveu intensamente 30 anos de militância paulistana, após os quais transferiu sua agitação política para o Rio de Janeiro.
Como homem grande de seus 1,90 m que era, tudo em Vito foi superlativo. Tinha um sorriso enorme e um abraço esmagador, que distribuía sem economia a torto e a direito. Falava com as mãos em gestos largos e tinha um vozeirão que, a cada duas palavras, proferia um impropério fortemente carregado de um irresistível sotaque italiano, sua marca registrada e maneira singular de expressar carinho e indignação.
Sangue quente, expansivo e movido por uma profunda paixão por gente (características que nunca deram espaço para que se imiscuíssem nele burocratismos de qualquer espécie), acabou dedicando a vida à formação política em forma de escritos e cursos de comunicação popular. Com a companheira e jornalista Claudia Santiago, seu eu complementar e indissociável, através do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) deu a centenas de jovens das periferias e morros cariocas o presente da comunicação como instrumento de autonomia libertária.
Porra Vito, você deixa muita saudade. Dói pensar que não perderemos mais o fôlego naquele seu abraço de urso que paralisa. Mas você também deixa tanto das suas idéias, paixões e coisas iniciadas e para fazer, que continuará conosco; sem hora para acabar.
Vito Giannotti foi diretor do NPC, um dos parceiros da Fundação Rosa Luxemburgo. Nosso enorme obrigado e ele e nosso carinho e solidariedade ainda maiores a Claudia Santiago, sua – e nossa – companheira, neste momento de perda

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