A opressão ao corpo da mulher como pilar de sustentação do capitalismo

Autora de Calibã e a bruxa, pesquisadora italiana participará de uma série de atividades no RJ e SP
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Por Christiane Gomes
A feminista e historiadora italiana Silvia Federici virá ao Brasil no mês de julho para o lançamento do seu livro Calibã e a bruxa – mulheres, corpo e acumulação primitiva, traduzido pelo Coletivo Sycorax e publicado pela Editora Elefante com apoio da Fundação Rosa Luxemburgo. A autora participará de quatro atividades que serão realizadas no centro e nas periferias de São Paulo e Rio de Janeiro entre os dias 16 e 23.
Silvia é, hoje, uma das mais importantes teóricas do feminismo e do capitalismo, e em sua pesquisa analisa, entre outros aspectos, o trabalho assalariado a partir de uma perspectiva de gênero. Nascida na Itália, vive nos Estados Unidos desde os anos 1960, onde participou ativamente do movimento contra a guerra e fundou o Coletivo Feminista Internacional, que impulsionou a Campanha Salários para o Trabalho Doméstico em âmbito global.
Calibã e a bruxa discorre sobre a violenta transição do feudalismo para o capitalismo, no qual a caça às bruxas estava diretamente ligada à criação de um novo sistema econômico que se forjou na exploração e dominação dos corpos das mulheres. Silvia Federici faz referência no título a dois personagens shakespearianos para sintetizar a dimensão sexista e racista que o capital tenta impor aos corpos e a todos que resistem à sua ordem. No livro, a autora considera que o assassinato das bruxas é um aspecto fundacional do sistema capitalista, que domestica as mulheres e impõe a elas a reprodução da força de trabalho como um trabalho forçado sem remuneração. A obra também apresenta um contraponto ao pensamento de Karl Marx sobre a acumulação, afirmando que em vez de se tratar de um aspecto  precursor do capitalismo seria algo inerente a ele.
Além da reconhecida produção teórica, a professora emérita da Universidade de Hofstra, em Nova York, segue vinculada com as lutas feministas contemporâneas e os desafios impostos pelo capitalismo que oprime e mata mulheres. A construção de um novo paradigma de sociedade, com base nos bens comuns, também integra os temas discutidos por Silvia.
“É preciso criar um tecido social mais forte, capaz de resistir ao que está acontecendo e também começar a construir novas relações. Começar a implementar novas formas de autogovernarmos, ter o controle de nossa vida, não apenas nos opor, mas sim definir que tipo de sociedade queremos, como iremos construí-la, o que precisamos de imediato e quais são os objetivos de futuro”, disse Silvia Federici em recente entrevista (confira a íntegra em espanhol).
Nesta que será sua segunda visita no Brasil, Silvia Federici irá discutir os principais pontos de seu livro, o protagonismo das mulheres nas lutas sociais e terá também a oportunidade de conhecer e dialogar com as experiências e ações de coletivos e movimentos de mulheres que estão na linha de frente em alguns dos territórios periféricos de São Paulo e Rio de Janeiro.
 

Confira abaixo a agenda:
RIO DE JANEIRO
16 de julho –  a partir das 11h
Pré-lançamento do livro Calibã e a bruxa e Urgências!
Sede da Cia de Mystérios e Novidades – Rua Pedro Ernesto, 21 – Gamboa
18 de julho –  a partir das 15h
Roda de conversa e sarau
Museu da Maré – Av. Guilherme Maxwel, 26 – Maré
SÃO PAULO
20 de julho – a partir das 18h
Lançamento do libro Calibã e a bruxa
Galeria Olido – Avenida São João, 473 – Centro
22 de julho –  a partir das 14h
Roda de conversa e sarau
Teatro Ventre de Lona – Centro Cultural Arte em Construção
Avenida dos Metalúrgicos, 2.100 – Cidade Tiradentes
Iniciativa
Fundação Rosa Luxemburgo, Goethe-Institut, Coletivo Sycorax, Editora Elefante
Parceria RJ
Museu da Maré, CEASM, Instituto PACS
Parceria SP
Galeria Olido, Pombas Urbanas e Biblioteca Solano Trindade

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