Racismo, ódio e ascensão conservadora no Brasil e na Alemanha são temas de debate no dia 4 de dezembro
A Europa convive há muito com a ascensão da chamada Nova Direita e o renascimento do pensamento conservador, fenômeno que tem se refletido nas eleições de vários países. No caso da Alemanha, a Nova Direita instrumentalizou a vinda dos refugiados nos últimos anos para criar uma política do medo.
O resultado foi o crescimento de um novo partido populista de direita, a Alternativa para Alemanha (Alternative für Deutschland, AfD) e das manifestações do grupo Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente (Patriotische Europäer gegen die Islamisierung des Abendlandes, PEGIDA), e também um aumento dos ataques contra refugiados. Valendo-se do racismo escondido na população, e de medos e preconceitos, a AfD conseguiu entrar nas Assembleias Legislativas de vários Estados na Alemanha e agora em 2017 também no parlamento da República Federal da Alemanha, o que seria equivalente a Câmara dos Deputados do Brasil.
O ressurgimento da direita também se apresenta no Brasil. A presença de fundamentalistas com pautas reacionárias em espaços públicos e políticos e o reagrupamento de forças no campo do conservadorismo dão nova força a um pensamento intolerante, autoritário e pouco democrático. São expressões desta tendência manifestações e pautas como as contra o casamento de pessoas do mesmo sexo, contra o direito da mulher decidir sobre o próprio corpo e pela criminalização do aborto.
Assim como na Alemanha, grupos oportunistas têm se aproveitado dos discursos de ódio contra minorias para fazer valer pautas conservadoras também na política e economia, combinando restrições a direitos individuais com propostas institucionais mais amplas, que implicam em retrocessos graves na garantia de direitos básicos e também na fragilização da democracia no país.
É a aliança entre fundamentalistas conservadores, latifundiários ruralistas e militaristas que dá respaldo hoje no Brasil para políticas de extermínio da juventude preta e pobre das periferias, para os cortes de direitos trabalhistas e da aposentadoria, e para a perseguição contra povos indígenas e comunidades tradicionais. É esse o contexto no qual foram organizadas as manifestações que resultaram no golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, em que a Nova Direita chegou a clamar por mais uma intervenção militar para uma nova ditadura no país.
O debate
Qual a origem da Nova Direita e qual o papel que o medo de mudanças sociais e culturais relacionadas à globalização tem no ressurgimento de políticas e propostas de ódio? Quais são as bases do racismo e do pensamento da direita? Como evitar que dificuldades econômicas e crises abram um novo campo de oportunidades para ideias conservadoras?
Essas são algumas questões que serão abordadas no debate. A partir de diversos pontos de vista e com uma proposta de diálogo plural, a Fundação Rosa Luxemburgo convida para uma roda de conversa aberta o psicanalista e professor na USP Christian Dunker, a escritora, cientista social e jornalista Bianca Santana e a antropóloga alemã Rosa Asendorpf. O encontro acontecerá na segunda-feira, dia 4 de dezembro, às 20h no auditório da organização.
A política do medo da Nova Direita
Tendências no Brasil e na Alemanha
Data: 4/12/2017, segunda-feira
Horário: 20h
Local: Auditório da Fundação Rosa Luxemburgo
Endereço: Rua Ferreira de Araújo, 36 – Pinheiros, São Paulo (SP)
Acessível para cadeirantes, com banheiro adaptado.
Evento gratuito e aberto
Como chegar: A FRL fica a 16 minutos de caminhada da Estação Faria Lima de Metrô (linha amarela) e a 17 minutos do Terminal Pinheiros (linha amarela do Metrô, Linha 9-Esmeralda da CPTM). O endereço está em uma travessa da Avenida Pedroso de Moraes, onde passam ônibus provenientes de diferentes pontos da capital e região metropolitana. Consulte as linhas municipais e intermunicipais. Estamos ao lado do eixo cicloviário Berrini-Faria Lima-Pedroso de Moraes, e contamos com estrutura para visitantes prenderem a bicicleta.
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