Das »Freihandels«abkommen der EU mit dem Mercosur ist noch zu verhindern
Von Gerhard Dilger, neues deutschland

Es ist kein Zufall, dass gerade jetzt ein angeblich historisches »Freihandels«-Abkommen zwischen der Europäischen Union und dem Mercosur angekündigt wird: Europas Regierungen, angeführt von Angela Merkel, haben die politische Schwäche Argentiniens und Brasiliens gnadenlos ausgenutzt, um die Rekolonialisierung Südamerikas weiter voranzutreiben. Sollte der erst in Umrissen bekannte Deal tatsächlich den Ratifizierungsmarathon in den europäischen Parlamenten bewältigen, wäre das vor allem ein Triumph der transnationalen Konzerne und ihrer Profitlogik; Menschenrechte und Umweltschutz blieben rhetorisches Beiwerk.
In der internationalen Arbeitsteilung spielt Lateinamerika seit 1492 überwiegend die Rolle des Rohstofflieferanten. Genau darauf sollen Argentinien, Brasilien, Paraguay und Uruguay nach den Emanzipationsversuchen des 20. und frühen 21. Jahrhunderts wieder und möglichst für immer festgenagelt werden. Von der schrittweisen Senkung der Zollschranken profitieren in Südamerika bestenfalls das Agrobusiness und der Importsektor; Kleinbäuer*innen, Indigene und Arbeiter*innen bezahlen die Rechnung mit der weiteren Zerstörung ihrer Lebensgrundlagen und der Aushöhlung ihrer Rechte.
Firmen aus Europa sollen jährlich Abgaben in Höhe von vier Milliarden Euro einsparen und dadurch wettbewerbsfähiger werden, jubelt die Europäische Kommission. Selbst dass der Autosektor in Argentinien und Brasilien langsamer liberalisiert wird als andere, ist den Interessen der europäischen Konzerne geschuldet, die zuerst ihre Investitionen der letzten Jahre wieder einspielen wollen. Die geplante Liberalisierung des Handels innerhalb der Multis fördert Lohndrückerei und Stellenabbau. So werden künftig etwa billiger produzierte Autoteile um die halbe Welt transportiert statt vor Ort hergestellt.
Neben der auch ökologisch unsinnigen Ausweitung des Welthandels beharren die europäischen Neoliberalen auf verschärftem Patentschutz, was beispielsweise die Versorgung der Südamerikaner*innen mit bezahlbaren Generika aushöhlen könnte. »Neue Geschäftsmöglichkeiten« würden auch im Dienstleistungssektor geschaffen, etwa im Telekom- und IT-Bereich.
Bei den Regierungskäufen, die oft für die Stärkung einheimischer Produzenten genutzt werden, soll die europäische Konkurrenz ebenfalls noch mehr berücksichtigt werden. Und während Investoren ihre Interessen notfalls vor Schiedsgerichten einklagen wollen, soll es für Mitverantwortung bei Umweltvergehen oder Menschenrechtsverletzungen auch künftig keine Sanktionsmöglichkeiten geben.
Der ultrarechte Brasilianer Jair Bolsonaro und der in Argentinien um seiner Wiederwahl kämpfende Unternehmerpräsident Mauricio Macri buhlen mit allen Mitteln um internationale Anerkennung. Diese Konstellation hat den von den Neoliberalen beiderseits des Atlantiks vorbereiteten und jetzt bejubelten Deal erst ermöglicht.
Doch seine Umsetzung ist noch lange nicht unter Dach und Fach. Warum werden die Details des EU-Mercosur-Abkommens – in Wirklichkeit ist es ja nur ein Entwurf – nur scheibchenweise bekannt gemacht? »Vampirverträge« hat die Attac-Aktivistin Susan George die »Freihandels«abkommen einmal zu Recht genannt. Denn: Sobald die Einzelheiten ans Tageslicht kommen, besteht die echte Chance, sie demokratisch zu verhindern.
Widerstand kommt von südamerikanischen Aktivist*innen, Textilunternehmern in Paraguay, Gewerkschafter*innen in Uruguay oder dem peronistischen Kandidaten Alberto Fernández, der gute Chancen hat, Macri bei den argentinischen Präsidentschaftswahlen im Oktober zu besiegen – aus ihrer Perspektive ist der neokoloniale Charakter des angestrebten Abkommens sonnenklar. Aber auch in Frankreich rumort es beträchtlich, denn dort hat man die Gefahr weiterer Importe von Monokultur-Agrarprodukten für die einheimische Landwirtschaft immer schon erkannt.
Warum ausgerechnet der rechtsextremistische Klimaleugner Bolsonaro, der den Regenwald in Rekordzeit dezimieren will, ein strategischer Partner für ein demokratisches Europa sein soll, bleibt das Geheimnis von Frau Merkel und Herrn Maas. Nichtregierungsorganisationen und kirchliche Hilfswerke haben zahlreiche Argumente gegen den Deal schon längst auf den Tisch gelegt, die Gewerkschaften fehlen leider noch in dieser Allianz. Aber der Widerstand hat ja erst begonnen.
Fotos: Gerhard Dilger

Entrada da JBS na Austrália e de várias transnacionais no território brasileiro estão em relatório da Grain sobre mega aquisições globais
Por Alceu Castilho, De Olho nos Ruralistas
cargillPelo mundo, mais de 30 milhões de hectares foram adquiridos por apenas 490 proprietários. Os dados da organização Grain referem-se ao ano de 2016 e contam – ainda que de maneira incompleta – a história recente do land grabbing, um fenômeno mundial que pode ser definido como a mega aquisição de terras por investidores estrangeiros. Grandes corporações, fundos. A Grain avisa: essa tendência continua crescendo.
E o Brasil é um dos principais protagonistas. Principalmente como território dessas aquisições. Mas já aparece também como comprador. O relatório da Grain inclui entre os destaques pelo mundo a expansão do grupo JBS na Austrália. A empresa já tem cinco estabelecimentos com 10 mil hectares, com produção anual de 330 mil cabeças de gado. Somente a JBS australiana exporta para mais de 80 países – o que ilustra bem a escala global do land grabbing.
ÁFRICA E AMÉRICA DO SUL
O agronegócio brasileiro também está presente na Colômbia, com o grupo Mónica Semillas, que leva o nome da empresária matogrossense Mônica Marchett – filha do produtor de soja Sérgio João Marchett, um dos acionistas principais da empresa. A Grain identificou 8.889 hectares de soja e milho da Mónica na Colômbia. Mas a corporação possui ainda 70 mil hectares na Bolívia e terras no Paraguai. Segundo a Grain, a empresa já foi condenada a pagar 2 milhões de pesos por subsídios indevidos, que violam a lei de terras colombiana.
O Paraguai aparece duas vezes com brasileiros no relatório, pelas atividades do Grupo Favero e de Wilmar dos Santos. Ambos sojeiros. O primeiro tem 33.719 hectares. Santos teria 1.000 hectares – o critério da Grain para grandes propriedades é o piso de 500 hectares. O Senado paraguaio expropriou 11 mil hectares de Tranquilo Favero para um parque. Wilmar dos Santos é definido no relatório como um dos muitos brasileiros “colonialistas”, produtores de soja transgênica. Os agrotóxicos de Wilmar dos Santos estariam envenenando animais e cursos d’água utilizados por camponeses.
A Asperbras representa os investimentos brasileiros no Congo, com propriedades que somam 50 mil hectares. O empresário Francisco Colnaghi tem um leque amplo de culturas no país: cana de açúcar, pecuária, soja e milho. O total de área plantada já teria ultrapassado 100 mil hectares. Ainda na África, o Brazil Agrobusiness Group – de Frademir Saccol – aparece no relatório com 8 mil hectares de arroz em Gana. Seiscentos camponeses despejados foram à Justiça contra a empresa.
No Sudão, o Pinesso Group – da família sulmatogrossense Pinesso – possui 12 mil hectares para produção de grãos, em parceria com o governo local. E mira o Moçambique. (No Brasil, em 2015, o grupo tinha 110 mil hectares no Mato Grosso, no Mato Grosso do Sul e no Piauí e estava em recuperação judicial por uma dívida de R$ 571 milhões.)
empresas
DE OLHO NO BRASIL
Mas o Brasil aparece bem mais vezes no relatório como alvo dos investidores. E com quantidades de terra – adquiridas ou geridas por estrangeiros – ainda mais fabulosas. Vejamos:
1) A BrasilAgro, com capital da argentina Cresud (que já foi um investimento de George Soros e também tem aporte chinês), possui 166 mil hectares para cana, grãos e pecuária.
2) O fundo canadense Brookfield Asset Management possui 97.127 hectares para produção de soja e cana de açúcar em terras brasileiras. E está de olho na aquisição de mais usinas.
3) A empresa Universo Verde Agronegócios também atende pelo nome de Chongqing Grain Group, a maior empresa estatal chinesa do setor de grãos. No Brasil, segundo o relatório da Grain (a ONG, não a empresa), o grupo possui 100 mil hectares, mais da metade deles “como se fossem de brasileiros”. O MST ocupou em 2015 uma área de 75o hectares em Porto Alegre, definindo-a como improdutiva.
4) Outra empresa estatal chinesa, a Cofco, aparece com 145 mil hectares de cana no relatório. Com direito a capital de Singapura, do fundo de private equity Hopu Investment Management e do Banco Mundial.
5) A francesa Louis Dreyfus Commodities comparece ao relatório sobre land grabbing com nada menos que 430 mil hectares no Brasil. Para cana, arroz, laranjas e laticínios. E ainda opera mais 500 mil hectares, sem direito de propriedade. O grupo controla 10% do mercado mundial de matérias primas agrícolas, informa a Grain. O grupo está em 12 estados brasileiros.
6) A Índia também já se faz presente no Brasil. A Shree Renuka Sugars – aqui, Renuka do Brasil – possui 139 mil hectares de cana de açúcar, a partir da compra, nos últimos anos, de usinas brasileiras. O grupo Equipav possui 49,7% das ações.
7) A japonesa Mitsubishi atua em terras brasileiras pela Agrex do Brasil. São 70 mil hectares de soja nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Goiás. O brasileiro Paulo Fachin tem 20% de participação no grupo.
8) Mais duas empresas japonesas estão no relatório da Grain. A Sojitz Corporation (aqui, Contagalo) produz 150 mil hectares de soja, milho e trigo. Os planos são de triplicar a produção e adquirir mais 200 mil hectares.
9) A outra empresa japonesa é a Mitsui & Co, com 87 mil hectares de grãos na Bahia, no Maranhão e em Minas Gerais. A face brasileira do grupo é a SLC-MIT Empreendimentos Agrícolas.
10) A Holanda entra na lista com o Grupo Iowa, na matriz BXR Group. São 12 mil hectares de grãos na Bahia. O BXR pertence ao checo Zdenek Bakala (estamos falando de globalização, afinal), em parceria com o Credit Suisse.
11) A Nova Zelândia aparece com discretos 850 hectares em Goiás. Maior exportadora mundial de produtos lácteos, ela abastece com essa atividade a Dairy Partners America, parceria com a suíça Nestlé.
louisdreyfus
12) A antiga metrópole também faz parte dessa nova colonização: Portugal está na lista brasileira de land grabbing com a Nutre, ou Prio Foods no Brasil, com 29.528 hectares. Um terço dessa área fica no Maranhão, onde a empresa pretende adquirir mais 14 mil hectares.
13) Outro país marcado pelo histórico de metrópole, o Reino Unido, compõe esse cenário com o fundo de investimentos Altima Partners (ou, regionalmente, El Tejar), com 130 mil hectares para pecuária e grãos, principalmente no Mato Grosso.
14) E, falando em investidores estrangeiros, que tal, novamente, o nome de George Soros? O estadunidense – que ilustra a foto principal desta reportagem – controla 127 mil hectares no Brasil, segundo a Grain, por meio da Adecoagro, em parceria com um fundo de pensão holandês. O leque de culturas é variado: café, cana, grãos, pecuária.
15) Os seis últimos investidores da lista são estadunidenses. Comecemos com o Archer Daniels Midland e seus 12 mi hectares para produção de óleo de palma no Pará.
16) Um dos nomes mais conhecidos da lista, a multinacional Bunge administra 230 mil hectares de cana de açúcar no Brasil, por meio de parcerias, e ainda tem 10 mil hectares da usina (o nome não deixa de conter uma ironia) Guarani.
17) E ainda temos 25 mil hectares com o Galtere, um fundo de investimentos criado por ex-vendedor da Cargill, para produção de arroz e soja. O grupo tem na mira mais 22 mil hectares.
18) A cana de açúcar volta a aparecer no relatório com 35 mil hectares da própria Cargill. A Proterra Investiment Partners investiu, em 2015, US$ 175 milhões em usinas no Brasil.
19) O Teachers Insurance and Annuity Association (TIAA), fundo de pensão de professores, administra uma das fatias mais representativas entre os investidores estrangeiros: 424 mil hectares. Em parceria com a brasileira Cosan. Leia mais aqui: “Fundo americano de professores passa a controlar 270 mil hectares no Brasil“.
20) Finalmente, e reiterando que esta lista trata apenas dos investimentos mencionados pela Grain no relatório de 2016, a YBY Agro controla 320 mil hectares de terras no Brasil. A empresa foi criada por dois ex-executivos brasileiros do Bank of America. Mas 45% da companhia pertencem a fundos privados dos Estados Unidos. Outros 35% ficam com o grupo brasileiro Francioni Brothers y Golin. As terras ficam no cerrado.
Total de terras de brasileiros no mundo, conforme a lista parcial da Grain (Oceania, África e América do Sul): 124 mil hectares.
Total de terras controladas no Brasil pelos 20 grupos estrangeiros mencionados: 2,74 milhões de hectares. Um Haiti. Ou metade da Croácia.
Média por grupo: 137 mil hectares.

La Fundación Rosa Luxemburgo, el Instituto de Ciencias Alejandro Lipschutz y el Observatorio Latinoamericano de Conflictos Ambientales invitan a la charla pública «TPP y otros tratados de ‘libre comercio’. ¿Integración o desintegrácion regional?» el 27 de abril a las 18:30 en el Ex Congreso Nacional, en Santiago de Chile.
charlaFINALOGOS
Los acuerdos de “libre comercio” aprobados, como el TPP, o todavía en negociación, son un verdadero proyecto totalitario a favor de las multinacionales y vulneran los derechos humanos y de la naturaleza.
El objetivo de esta la charla pública es de llamar la atención de la opinión pública chilena sobre los peligros de los mal llamados tratados de libre comercio, empezando por el TTP, pasando por el acuerdo Unión Europea-Mercosur, tratados bilaterales, el TISA, y el TTIP.
Lucía Sepúlveda, la encargada del área de semillas y transgénicos de la Red de Acción en Plaguicidas RAP-Chile, posicionará el debate a partir de los movimientos sociales. La diputada comunista Karol Cariola  hablará de Salud Pública en su calidad de miembro de la comisión de salud de la Cámara de Diputados, conectado a los procesos de liberalización económica que propician los TLCs y el TPP. Luciana Ghiotto, de Attac-Argentina y veterana de la lucha exitosa contra el Alca, ampliará el panaroma destacando los desafíos de montar una nueva articulación continental contra los acuerdos de “nueva generación”.
El eurodiputado español Javier Couso nos contará sobre las resistencias a estos acuerdos en España, en otros países europeos y desde el parlamento europeo. TTIP, la Asociación Transatlántica de Comercio e Inversión, en negociación entre EEUU y la UE, está siendo cuestionada, en algunos países, por un movimiento amplio y multiclasista. Por el otro lado, hay una megacoalición a favor, encabezada por socialdemócratas y  conservadores. ¿Cómo podemos ampliar y profundizar las resistencias?
TPP y otros tratados de ‘libre comercio’. ¿Integración o desintegración regional? 
Evento gratuito y abierto
Fecha: 27/04/2016
Horario: 18:30 a 20:30
Lugar: Ex Congreso Nacional – Sala Los Presidentes
Dirección: Catedral 1158, Santiago de Chile

Empresa chinesa com rastro de violação de direitos humanos quer construir a usina de São Luiz do Tapajós, a maior polêmica ambiental desde Belo Monte
Por Piero Locatelli, da Repórter Brasil*
A derrocada de empresas brasileiras com a Lava Jato, a desvalorização do real e o crédito caro no Brasil abriram espaço para que empresas chinesas galgassem uma participação maior no país. Aproveitando esse contexto, a China Three Gorges se prepara para fazer uma oferta no leilão da usina de São Luiz do Tapajós. Com 6.133 megawatts de potência máxima instalada, custo estimado em R$ 23 bilhões e o licenciamento ambiental mais polêmico desde Belo Monte, a maior hidrelétrica planejada pelo Governo Federal para as próximas décadas pode ser construída por uma empresa chinesa que carrega um lastro de violações de direitos humanos.

O preparo de uma “oferta competitiva” pela hidrelétrica está no relatório anual da empresa. O presidente da China Three Gorges Brasil, Li Yinsheng, afirma que a decisão apenas será tomada após ter conhecimento das condições de oferta do leilão. “A CTG [China Three Gorges ] escolheu o Brasil como um país prioritário em sua estratégia de expansão internacional. A empresa está olhando todas as oportunidades no país”, escreveu o executivo por e-mail.
O interesse das empresas chinesas no setor elétrico brasileiro é confirmado por Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil China, que auxilia empresas chinesas interessadas em investir no Brasil. “Com ou sem Lava Jato, a China investe aqui por várias razões: ocupar mercado, ter lucro, exportar sua capacidade excedente e assegurar recursos estratégicos, e por razões geopolíticas internacionais,” diz Tang. Entre os projetos auxiliados por ele, estão o de uma hidrelétrica, um parque eólico e o a participação em duas termelétricas. Ele alega que não pode dizer quais são essas empresas, devido ao sigilo mantido pela Câmara.
Antes de entender os interesses dessas empresas no Brasil, é necessário entender por que o setor hidrelétrico chinês está atravessando as fronteiras do país, diz Stephanie Jensen-Cormier, diretora da ONG International Rivers em Beijing. A China, segundo ela, tem mais de metade das grandes hidrelétricas do mundo, mais do que o Brasil, os Estados Unidos e o Canadá combinados. Por isso, agora suas empresas precisam expandir para fora do país. “As empresas estatais chinesas ficaram muito sofisticadas e competitivas na construção de grandes projetos hidrelétricos. Elas estão envolvidas em mais de 330 projetos em 85 países. A maioria deles é no sudeste asiático, mas o número está crescendo,” diz Stephanie.

3gorges1

Interesses amazônicos
A construção de usinas no Tapajós pode estar articulada com outros interesses chineses na região. A energia de baixo custo poderia ajudar o estabelecimento de projetos de mineração, outro setor de interesse dos chineses, segundo o livro “O Brasil Made in China”, da socióloga Camila Moreno. A autora aponta que o Tapajós abriga reservas minerais cada vez mais procuradas pelo país asiático. “Nos últimos anos, houve uma disparada na descoberta de novos garimpos, e atualmente a região é a grande promessa de fronteira para exploração de diamantes.”
Associadas à construção de eclusas, a série de usinas poderia, ainda, baratear o escoamento da soja brasileira comprada pelos chineses. A hidrovia Tapajós-Teles Pires ligaria as plantações de soja do Mato Grosso por via fluvial até o rio Amazonas, que por sua vez desemboca no porto internacional de Belém, no oceano Atlântico. O novo projeto também poderia ser complementado com o canal da Nicarágua, que a China trabalha para abrir naquele país , ligando os oceanos Atlântico e Pacífico e encurtando a rota da soja brasileira até a Ásia.
Rio Teles Pires faz parte dos planos chineses. Foto: Divulgação/Presidência da República
Além da integração pelos rios da região, a China também avança com outros corredores de exportação por terra. As estatais chinesas Cheng Dong International e  China Harbour tem o projeto de interligar o Suriname a Manaus, incluindo um porto de águas profundas, uma rodovia e uma ferrovia, reduzindo a necessidade de navegação fluvial. A autora afirma que esses investimentos sinalizam a entrada definitiva da China na região Amazônica.
O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil China afirma que os investimentos de hidrelétricas, hidrovias e mineração na região não necessariamente estão interligados. Charles Tang diz que, na maioria dos casos, as empresas investem somente devido ao bom retorno de um projeto. Mas isso não excluiria a cooperação e parcerias estratégicas entre elas, já que todas têm o mesmo dono: o governo chinês.
 
Expansão chinesa
A Three Gorges já é a sexta maior operadora de energia no Brasil, com 6,89 megawatts de capacidade instalada, o suficiente para abastecer o Estado de Pernambuco. Sua expansão no Brasil deu um salto em novembro de 2015, quando ganhou a concessão das hidrelétricas de Jupiá e Ilha Solteira, que pertenciam à paulista Companhia Energética de São Paulo. A empresa chinesa pagou o valor mínimo da outorga, R$ 13,8 bilhões.
jupiá
A expansão no Brasil foi rápida. A Three Gorges entrou no país em 2011, e de maneira indireta. Foi quando a chinesa comprou a participação do governo português na Energias de Portugal (EDP), tornando-se a sua maior acionista, com 21,35% empresa. Assim, a Three Gorges herdou as obras de sete usinas hidrelétricas no Brasil.
Sua presença foi fortalecida em 2014, durante visita do presidente chinês Xi Jinping ao Brasil. Na ocasião, a empresa chinesa assinou um acordo cooperação-técnica com Eletrobras Furnas, empresa de economia mista e de capital aberto cujo controle acionário pertence ao governo do Brasil.
Acordo foi firmado em visita do presidente da China, Xi Jinping, ao Brasil
Foi quando se anunciou o interesse das duas empresas na hidrelétrica de São Luiz do Tapajós. Questionada, Furnas se limita a afirmar que o acordo prevê a construção da hidrelétrica de São Manoel (700 megawatts), que fica no rio Teles Pires, na divisa entre Pará e Mato Grosso. Em nota, a empresa brasileira declara que o acordo prevê “o desenvolvimento de novos projetos hidrelétricos no Brasil, bem como a cooperação técnica e a troca de tecnologias.” A empresa afirma ainda que “está prevista a possibilidade da participação de Furnas em novos empreendimentos de fontes alternativas de energia, sobretudo eólicas, no Brasil e na China.”
A Repórter Brasil pediu detalhes da cooperação entre as duas empresas e o acesso à íntegra do acordo, mas a empresa alegou que, por se tratar de informações empresariais, essa é uma “exceção prevista” na lei de acesso à informação.
Após o acordo com Furnas, a Three Gorges adquiriu em 2015 três empresas que pertenciam a Triunfo Participações e Investimentos, em um negócio que envolveu R$ 1,72 bilhão. Entre elas, estão as que operam a usina hidrelétrica de Salto(116 megawatts), em Goiás, e a usina hidrelétrica de Garibaldi (192 megawatts), em Santa Catarina.
A empresa opera ainda em cinco parques eólicos (328 megawatts), sendo que dois deles ainda estão em construção. Além disso, a Three Gorges também é responsável por cinquenta por cento da usina de Santo Antônio do Jari (373,4 megawatts) e Cachoeira Caldeirão (219,0 megawatts), ambas no Amapá
Em poucos anos, a Three Gorges tomou a frente de outra estatal chinesa no Brasil, a State Grid, que é a maior empresa do setor elétrico no mundo. A State Grid já havia feito uma expansão semelhante . Poucos anos depois de sua chegada, em 2010, adquiriu empresas que operavam no Brasil e a concessão de diferentes linhas de transmissão.
O maior salto aconteceu quando a State Grid venceu o leilão para construir o linhão de Belo Monte, a maior linha de transmissão do país. Parte da obra será feita pela chinesa junto às brasileiras Furnas e Eletronorte. Já a segunda parte da linha será feita com exclusividade pela chinesa.  Para construir essas obras, a empresa conta com o dinheiro do próprio governo brasileiro. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) pode financiar até 70% da obra, sendo parte dela com a Taxa de Juros de Longo Prazo, crédito subsidiado pelo governo com valor abaixo do mercado.
State Grid venceu primeiro leilão em 2013. Foto: Divulgação

Histórico de violações

A Three Gorges chegou ao Brasil quase vinte anos após ter sido fundada para a construção da maior hidrelétrica do mundo, a usina de Três Gargantas, no Rio Yangtze, na China. A hidrelétrica só foi inaugurada no final da década passada após mais de quinze anos de obras. Hoje a empresa tem negócios em mais de 40 países, com 89 obras em andamento, segundo seu relatório mais recente, referente a 2014.
Ainda na década de 90, entidades de direitos humanos já apontavam problemas nas atividades da Three Gorges. Em relatório de 1995, a Human Rights Watch afirmava que a obra era uma vitrine para a abertura e reforma da China, e “um modelo de como a falta de transparência e debate, processos de decisão autoritários e condições de trabalho injustas podem manchar um empreendimento ambicioso”.
Duas décadas depois, a companhia continua a ter problemas parecidos. A empresa cometeu violações de direitos humanos na construção da hidrelétrica de Murum, na Malásia, segundo relatório da ONG International Rivers, que acompanhou a obra em 2013. Segundo a organização, a população das vilas afetadas pela obra nunca foi visitada ou atendida em encontros com algum representante da empresa.
Esse histórico é especialmente preocupante para o Brasil, já que uma das maiores polêmicas em torno do licenciamento da usina de São Luiz do Tapajós é justamente a violação dos direitos dos povos locais. O Ministério Público Federal do Pará já entrou com ações para pedir a suspensão do processo enquanto essas comunidades não forem consultadas sobre a obra, como determina a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, da qual o Brasil é signatário.
Questões trabalhistas envolvendo imigrantes também são um problema da empresa chinesa quando atuando na Malásia, segundo o relatório. Esse é outro elemento preocupante na Amazônia, onde as obras de grandes usinas atraem haitianos, africanos e migrantes de todo o Brasil.
 
Hidrelétrica de Murum, na Malásia. Foto: International Rivers
Na construção da usina chinesa na Malásia, trabalhadores indonésios reclamaram que seus passaportes foram retidos e as condições eram diferentes daquelas acordadas. Os indonésios também afirmaram que precisavam comprar seus próprios capacetes e botas de borracha, e que não possuíam seguro contra acidentes. Além disso, o atendimento médico no local não era gratuito.
Em e-mail enviado à reportagem, a Three Gorges afirma que, “além de suas políticas internas, a CTG segue todas as leis dos países em que atua. A empresa tem como premissa global o respeito às comunidades do entorno de suas usinas e o compromisso com o desenvolvimento das regiões onde atua.”

“Se o governo colocar padrões baixos, a companhia pode tentar se aproveitar dessa situação”

Apesar desse histórico de violações, a diretora da ONG na China diz que a empresa tem normas superiores a outras empresas do país.  “A China Three Gorges está ativa no Mercado internacional há mais de nove anos. Eles fazem projetos com padrões sociais e ambientais levemente melhores do que outras companhias chinesas.”
Segundo Stephanie, os brasileiros deveriam prestar atenção ao seu próprio governo e às empresas que vão se associar à Three Gorges. “Se o governo colocar um padrão alto, a Three Gorges vai fazer esforços para cumprir esse padrão mesmo que não seja fácil. Se o governo colocar padrões baixos, a companhia pode tentar se aproveitar dessa situação”, diz Stephanie. “Da mesma forma, parceiros locais têm grande impacto na performance da companhia em relação às leis e regulações locais”.
Ela usa como exemplo a construção da usina hidrelétrica Coca Codo Sinclair, no Equador, pela chinesa Sinohydro. Em um estudo comparativo entre sete usinas construídas por empresas chinesas estudadas pela International Rivers, esse foi o caso em que menos ocorreram violações de direitos. Isso teria acontecido graças às fortes leis locais, aplicadas de maneira adequada.
Sao Luiz 1
 
Regras não cumpridas
Além das leis dos países que recebem os investimentos, outro fator de regulação importante são as regras dos financiadores. Diretora do China-Latin America Sustainable Investment Initiative (CLASII), centro de estudos baseado em Washington, Paulina Garzón diz que, em tese, as regras dos bancos chineses são boas. “Em teoria, o ordenamento jurídico ambiental é muito bom. Ele tem aspectos mais avançados do que outros bancos.”
Paulina cita como exemplo o Exim Bank, banco chinês de desenvolvimento voltado à promoção da importação e da exportação, possível financiador de futuras obras no Brasil. O banco exige um estudo de impacto de todos os investimentos feitos com o seu crédito, além de manter um registro do histórico de impactos socioambientais dos seus credores.            .
A aplicação das normas, porém, pode ser bem diferente do que está no papel. “O problema com as regras chinesas é que não há obrigações, não há muita informação disponível, não há comunicação com as comunidades para você saber o que está acontecendo”, diz ela, lamentando que o contato dos afetados com os órgãos e empresas chinesas é muito difícil.
Mesmo diante dessas restrições, ela ressalta que pressionar pelo cumprimento das regras para financiamentos chineses é uma ferramenta para que as empresas mantenham um bom padrão ao lado da ênfase nas regras dos próprios países.
Sem o cumprimento de todas as regras, chinesas e locais, comunidades na América Latina entraram em mais conflitos com empresas chinesas em 2015, segundo relatório elaborado por Garzón. Na Nicarágua, protestos pediram a revogação da concessão da construção do canal chinês. Na Argentina, foram questionados os acordos feitos com a China para a criação de bases de pesquisa na Patagônia e a construção de canais na província de Entre Rios. Já no Peru, os protestos contra a mineradora chinesa MMG levaram a morte de quatro pessoas. Por fim, movimentos indígenas têm questionado as atividades da Ecuacorrientes, também chinesa, na Corte Interamericana de Direitos Humanos.

O Tapajós pode ser mais um episódio nessa disputa. O Estudo de Impactos Ambientais, feito pela Eletrobras e outras empresas nacionais e internacionais, foi apresentado ao Ibama em agosto de 2014 e considerado inconsistente. Entidades de direitos humanos criticam o projeto e seus estudos, apontando diversos riscos não previstos, como o alagamento terras indígenas e a perda de peixes, essencial para a vida de ribeirinhos e indígenas na região.
O Ibama solicitou que o grupo refaça os estudos, mas o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, afirmou que a licença ambiental deve ser liberada ainda nos primeiros seis meses desse ano. Já o leilão deve ocorrer no semestre seguinte. A pressa do governo parece ser mais um fator para agravar os conflitos na região.
O licenciamento apressado da usina pode intensificar a colisão entre os interesses da construtora e os das comunidades locais, repetindo assim o que já aconteceu em outros lugares do Brasil e da América Latina. Considerando que os povos indígenas e comunidades tradicionais da Amazônia já têm dificuldade de acessar os seus direitos quando impactadas por consórcios nacionais, como é o caso da usina de Belo Monte, o histórico socioambiental da Three Gorges é um grave alerta para o modo como serão conduzidas as grandes mudanças projetadas para o Tapajós.
 

bernie wars
Por Ethan Earle*
Nací en Carolina del Norte, aunque mis padres son de Vermont. Crecí haciendo largos viajes de verano por la costa este para visitar a nuestra familia en Burlington, la ciudad más grande del estado con tan solo 40.000 habitantes. Fue en uno de esos viajes, en algún momento de los noventas, cuando escuché por primera vez acerca de Bernie Sanders y su versión tan particularmente norteamericana del socialismo democrático.
Vermont es un pequeño y extraño lugar. Es el número 49 de cincuenta estados, tiene solo 626.000 habitantes y la mayoría de ellos vive en pueblitos agrícolas que salpican las Green Mountains en toda su longitud. Los vermonteses se jactan de su autosuficiencia marcada por un perfil tozudamente independiente y ocasionalmente revolucionario. El estado fue fundado por una milicia separatista durante la Guerra Revolucionaria. Sería luego el primer estado en abolir la esclavitud y jugaría un papel crucial en el llamado Underground Railroad (ferrocarril subterráneo), que ayudó a ocultarse a esclavos fugitivos en su terreno sinuoso y los escoltó a través de la frontera norte con Canadá. Durante mi infancia, escuchaba estas historias como pruebas de que los vermonteses son ciudadanos comprometidos que no se toman a bien las injusticias o el doble discurso político.
En 1980, Bernie Sanders (nacido en Brooklyn) entró al escenario político por la izquierda como candidato independiente a alcalde de Burlington, describiéndose a sí mismo como un socialdemócrata. Derrotó por 10 votos al candidato oficialista que se presentaba a una quinta reelección, y luego fue reelegido 3 veces. Durante su período como alcalde, Bernie fue ampliamente reconocido como un izquierdista sin pelos en la lengua, pero también como un administrador eficiente. Fue él quien abrió la primera comisión de la mujer en la ciudad, apoyó el desarrollo de cooperativas de trabajadores e inició uno de los primeros y más exitosos experimentos de viviendas comunales financiadas por el estado. Esta última medida aseguró la preservación de viviendas accesibles para sectores de bajos y medios ingresos, y frenó el proceso degentrificación en medio de un proyecto para revitalizar la costanera, que de lo contrario habría transformado el centro de la ciudad. Bernie el izquierdista, invitó a Noam Chomsky a hablar en la casa de gobierno, y viajó a Nicaragua para conocer a Daniel Ortega y establecer una ciudad hermana sandinista. Bernie el administrador, mantuvo el presupuesto de la ciudad balanceado y fue parte de la transformación de Burlington en una de las ciudades más lindas y habitables de los Estados Unidos.
En 1990, Bernie se presentó como candidato para la cámara de representantes de Estados Unidos y se convirtió en su primer miembro independiente en cuarenta años. Rápidamente fundó el Congressional Progressive Caucus, que hasta el presente es uno de los pocos baluartes de izquierda en el Capitolio. Criticó a políticos de ambos partidos por subordinarse a la lógica corrupta de Washington. Se reveló como un político serio, de mensaje directo y franco, y alarmado por las crisis que enfrenta nuestro país. Si bien sus modales a veces pueden parecer hoscos y sus aptitudes sociales escasas, nunca hubo dudas acerca de su devoción por el trabajo. Bernie pudo emerger como una voz calificada a nivel nacional en temas que van desde la desigualdad en los ingresos a la cobertura médica universal, la reforma de la campaña financiera y los derechos LGBT. También fue un prominente crítico temprano de la guerra de Irak y los programas de vigilancia interna como la Ley Patriota.
Básicamente, Bernie mantuvo el curso que él mismo se había propuesto desde el principio, el del un progresista imperturbable que basa su trabajo en una independencia fundamentada y la obstinación porque se hagan las cosas. De nuevo en Vermont, donde desde 2006 ha sido senador, Bernie continuó incrementando su popularidad y ganó con el 71% de los votos en su elección más reciente, consiguiendo la mayor tasa de aprobación de todos los políticos de Estados Unidos. Su reconocido rechazo a las campañas de desprestigio, así como su compromiso en encontrar terrenos comunes con figuras políticas de otros bandos, solo han fortalecido su reputación. Precisamente, su mayor logro y el secreto de su éxito, ha sido construir un nuevo consenso político en el estado de Vermont. Por supuesto, él interpela a los liberales más acérrimos pero saca su fortaleza real de familias trabajadoras blancas de las pequeñas ciudades, no tan conocidas (al menos en las décadas recientes) por sus inclinaciones socialdemócratas.
Mi familia es una familia de peluqueros, a los que se suman un par de enfermeras y electricistas. Somos una familia de cazadores y fanáticos de Katy Perry. Somos una familia a la que la cultura política contemporánea le ha hecho creer que su voz no cuenta. Y puedo decir, con total honestidad, que Bernie Sanders ha hecho pensar distinto a mi familia. De cara a las próximas elecciones primarias, casi todos ellos – propensos a votar a los republicanos en cualquier otra elección – darán su voto a Bernie Sanders. Cuando estoy en Vermont no solemos hablar de política pero cuando lo hacemos hablamos de Bernie. Puedo escuchar a mi tía decir “Quizás no estoy de acuerdo con todo lo que él dice o hace, pero se que él sabe lo que dice y cree en lo que hace. Se que él nunca nos entregaría y que siempre nos dirá las cosas de frente”.
+++++
El crecimiento del senador Bernie Sanders, en una campaña engañosamente quijotesca para convertirse en el 45to presidente de los Estados Unidos, ha despertado extrañas animosidades en la opinión pública. Bernie atrajo multitudes mucho más grandes y generó más entusiasmo que cualquier otro candidato de los dos partidos. Durante 2015 su campaña recibió 73 millones de dólares de más de un millón de individuos y un récord de 2.5 millones de contribuciones en total. Está recibiendo una gran cobertura mediática con primera plana en los medios más importantes de Estados Unidos y es el tópico central en numerosos tweets, memes y conversaciones de internet en general. Su principal contendiente, la todavía favorita Hillary Clinton -ex secretaria de Estado, senadora, primera dama y niña mimada del establishment demócrata- estaba posicionada como la candidata más imparable en toda una generación, tan solo 6 meses atrás. Al escribir estas líneas, a mediados de enero, ella se aferra a una ventaja de 7 puntos a nivel nacional y está cabeza a cabeza en las elecciones de dos estados en las primarias, estados que históricamente han sido la referencia del resto del país (Iowa y New Hampshire). Lo que es más increíble aún es que Bernie Sanders está haciendo todo esto sin dinero de corporaciones y sin recibir el apoyo del establishment, proclamando las virtudes del socialismo democrático y diciéndole a quien quiera escucharlo que este país necesita una revolución política.
Después de décadas trabajando en política, no debería ser ninguna sorpresa que la plataforma de campaña de Bernie sea amplia y detallada, meticulosa se podría decir. Quizás meticulosa pero no confusa: no ha dejado lugar a dudas de que su mayor preocupación es la desigualdad que define cada vez más a la economía estadounidense. Propone subir el salario mínimo de 7.25 dólares a 15 hacia 2020. Promete crear millones de puestos de trabajo a través de programas federales de infraestructura y programas para la juventud. Dice que va a expandir la seguridad social, proporcionando educación gratis en todas las universidades públicas y extendiendo la cobertura de salud a todos a través de un sistema de pago único. Su plan para financiar estos programas es simple: subir impuestos a los ricos y a las grandes corporaciones, y cobrar impuestos a la especulación financiera.
En sus historias, Bernie cuenta cómo Estados Unidos se convirtió en uno de los países con mayor desigualdad en el mundo, y pone especial énfasis en la responsabilidad de las instituciones financieras en la crisis del 2007-08. Lamenta que ni un solo ejecutivo haya sido encarcelado por su rol en estos episodios, y muestra el contraste existente con un sistema de justicia que ha encarcelado a millones de personas de bajos recursos por delitos menores. Propone la implementación de una versión siglo 21 de la Ley Glass-Steagall, la que impidió que los bancos comerciales participaran con bancos de inversión a partir de 1933 y que luego fue derogada bajo la mirada aprobatoria del presidente Bill Clinton en 1999. Recientemente anunció que, de ser elegido, en su primer año disolvería todas las instituciones financieras alguna vez consideradas “demasiado grandes para caer”.
Sin embargo, su ardiente y popular versión económica no explica por qué millones de personas han llegado al “Feel the Bern”, el hashtag viral que se ha convertido en un eslogan para la campaña. En realidad, podría decirse que le está hablando a un momento más amplio en la historia de nuestro país. Las deudas personales y la desigualdad económica están en niveles récord, y la generación que hoy es mayor de edad ha sido criada en medio de la guerra de Irak y la Gran Recesión. Esta generación creció entre resabios del sueño americano aunque su realidad fue la de la movilidad descendente para la mayoría, mientras solo ascendían una pequeña élite y unos pocos afortunados. En este contexto, Bernie denuncia que el sistema no está sencillamente roto sino que está diseñado para perpetuar el control por parte de una pequeña élite políticamente arraigada con intereses capitalistas, y es eso lo que ha prendido fuego a su campaña de manera tan llamativa.
Además de sus propuestas económicas, la otra pieza fundamental de la campaña de Bernie es su llamado a expulsar las grandes corporaciones y su dinero de la política. Bernie defiende a viva voz una reforma integral del financiamiento de las campañas, incluyendo la derogación de la decisión de la Corte Suprema sobre el caso Citizens United y la abolición de los super PACs, que en conjunto han permitido que el dinero corporativo ejerza cada vez mayor control sobre el proceso electoral. Bernie nos recuerda que él es el único candidato sin un super PAC y que su campaña está alejada de las corporaciones, financiada en gran parte por pequeñas donaciones y contribuciones un poco más grandes de sindicatos. La campaña de Hillary, en cambio, está sustentada en su mayor parte por ricos y corporaciones; seis de sus diez principales aportantes son bancos.
 
Bernie cree que las corporaciones han tomado el control sobre la democracia norteamericana, y es aquí en donde retoma su idea de la revolución política. En cada discurso llama la atención sobre esto y siempre es inequívoco: ni él ni ningún otro político puede hacer los cambios necesarios solo. La idea de revolución política de Bernie comienza con el pueblo estadounidense saliendo a votar masivamente, recuperando nuestra democracia, y exige reformas que aumenten nuestro control sobre la economía nacional y el proceso político.
 
No sorprende que los poderosos no estén contentos con Bernie y la mayor ofensiva ha sido tomada por el establishment demócrata (lo que también, por desgracia, es lógico). Su candidata, Hillary Clinton, ha recibido hasta ahora 455 avales de los gobernadores y representantes en el Congreso, mientras solo 3 han sido para Bernie Sanders; ella ha sido respaldada por 18 sindicatos que representan a 12 millones de trabajadores frente a 3 sindicatos que acompañan a Bernie, que a su vez representan a 1 millón de trabajadores. Entre los llamados superdelegados -una desagradable particularidad del sistema electoral de Estados Unidos, quienes en conjunto constituyen cerca de un tercio de los votos del partido, y no tienen la obligación democrática de honrar las decisiones de sus votantes- las preferencias por Hillary tienen una ventaja de 45 a 1. El Comité Nacional Demócrata, por su parte, ha tratado de limitar las oportunidades de debate (y audiencia) en un esfuerzo para proteger la ventaja de Clinton, llegando incluso a eliminar la campaña de Bernie Sanders de su base de datos en un desmesurado castigo por una ofensa menor (y disputada). Mientras tanto, los charlatanes del establishment han disparado contra Bernie diciendo que es incapaz de ganar una elección general, a pesar de las numerosas pruebas en contra de esa idea.
 
Los mejor intensionados partidarios de Hillary dirían “Ella tienen más chances de ganarle a cualquier loco peligroso que surja de esta especie de lucha libre que son las primarias republicanas”. Dirían también que ella tendrá más posibilidades de hacer las cosas que propone una vez en el gobierno. La política es desagradable y el Partido Republicano se ha redefinido tanto por su obstruccionismo tanto como su fanatismo. Hillary podrá no ser pura, pero es la persona del partido demócrata capaz de forzar al menos un par de reformas positivas en nuestro gobierno disfuncional. Los partidarios de Hillary también dirían que ya es hora de que elijamos una presidenta mujer, después de más de dos siglos ininterrumpidos de gobierno de varones.
 
Yo respondería que Clinton representa hasta tal punto lo que es disfuncional en nuestro sistema político actual, que es difícil que pueda hacer algo al respecto. Ella está tan estrechamente ligada a Wall Street como cualquier político de ambos partidos. Votó a favor de la guerra de Irak y se mantiene fiel al ala bélica del Partido Demócrata, una sección ampliamente desacreditada del intervencionismo liberal. Clinton está muy volcada a su objetivo de ganar poder, mientras que Sanders ha mantenido valores consistentes durante más de treinta años en cargos de elección popular. El simbolismo de la elección de una presidente mujer es importante, sin duda, un evento potencialmente histórico que rivalizaría con la elección de Barack Obama como el primer presidente afroamericano de nuestro país hace ocho años. Sin embargo, también hemos visto las limitaciones del simbolismo en la política durante la administración del presidente Obama, con el ingreso medio y la riqueza de afroamericanos en declive, mientras que la disminución de las tasas de encarcelamiento continúan a un ritmo aparentemente inexorable, a su vez, la deportación de los inmigrantes latinos ha alcanzado niveles récord. Por otra parte, el valor de este simbolismo se puede ver compensado por la alternativa de elegir un presidente con un plan y un mandato que cambie la forma en que funcionan Washington y nuestro país en general.
 
+++++
Como era esperable de lo que llamaré laxamente “la izquierda“, los debates sobre estas elecciones se han vuelto bastante desagradables en los últimos meses. La insistencia de Bernie en no utilizar técnicas negativas de campaña – y Hillary en un lugar confortable como ganadora- mantuvieron las cosas en buenos términos. Pero a medida que la campaña se fue calentando y la ventaja se redujo, legiones de seguidores de Hillary han salido a los medios de comunicación a descalificar a los partidarios de Bernie como sexistas. Los seguidores de Bernie, por su parte, fueron sarcásticos y en ocasiones políticamente incorrectos – aunque generalmente correctos al juzgar sus posiciones y logros – y respondieron que Bernie ha apoyado políticas y diversas medidas que son mucho más progresista para la igualdad de las mujeres que las que Hillary propone (al menos, más allá de los escalafones más altos de las profesionales). Estas discusiones, si bien tienen el potencial para dar lugar a un debate necesario sobre las diferencias entre el feminismo liberador y el feminismo corporativo, en general han sido lideradas por fanáticos y no han progresado (al menos por ahora) mucho más allá de insultos superficiales al estilo Twitter.
 
Más a la izquierda, los sospechosos de siempre, han salido de la nada para acusar a Bernie de no ser el portador de la verdadera revolución. Ellos lo acusan de un sinnúmero de desviaciones estilo “pecado original” relacionadas con su falta de alineamiento pleno con alguna estructura particular (y esotérica) de pensamiento político. Algunos dicen que él está actuando como un “perro pastor“ para el Partido Demócrata, atrayendo jóvenes descontentos a su seno -no les importa que él haya sido independiente la mayor parte de su carrera y que ahora se convirtió en el enemigo público Nº 1 del establishment demócrata-. Otros, nunca le perdonarán ser un socialdemócrata cuando él se ha etiquetado tan claramente a sí mismo como un socialista democrático. Y finalmente, están aquellos que piensan que Bernie ha caído en desgracia por su voto en tal o cual política exterior demostrando ser como todos los demás –sin que les importe que critica abiertamente la historia de imposiciones de regímenes en exterior de nuestro país o que sostenga que el cambio climático representa una amenaza a nuestra existencia mayor a la del terrorismo a pesar de la exaltación al miedo por parte de los medios-. Aunque irrelevantes para la conciencia política mainstream, estas patologías son dignas de mención en la medida en que se han agudizado y clarificado distinciones dentro de la vasta izquierda socialista –entre quienes van a donde está la gente y construyen políticas sobre la base de realidad existentes y quienes prefieren sentarse en los márgenes de la historia y reclamarles a quienes no los acompañan.
 
Pero más interesante y relevante para el momento actual de la política de Estados Unidos es el debate que se inició durante Netroots Nation, una destacada convención política progresista. Activistas del movimiento Black Lives Matter (BLM) interrumpieron un discurso de Bernie para llamar la atención sobre la violencia policial en contra de la comunidad negra y exigir la adopción de una agenda política más directa para desmantelar el racismo estructural en los Estados Unidos. La respuesta de Sanders fue ridiculizada por algunos, como fuera de lugar y con desdén. Sus intentos iniciales por remarcar su propio historial en justicia racial y vincular la cuestión del racismo con las políticas económicas diseñadas para aliviar la desigualdad, no ayudaron. Unas semanas más tarde, un grupo de activistas de BLM con sede en Seattle interrumpió otro discurso Bernie Sanders, esta vez en un acto para celebrar los 80 años de la Seguridad Social. Los manifestantes tomaron el micrófono antes que Bernie pudiera hablar, no le permitieron responder a sus críticas y acusaron a la ciudad de Seattle de “liberalismo con supremacía blanca” en respuesta a los abucheos de la audiencia. El evento fue cancelado.
 
Después de este segundo evento, la campaña de Sanders dio a conocer un programa de justicia racial (presumiblemente elaborado después de la primera intervención) que abrió con un gesto explícito a las solicitudes de BLM y otros activistas, diciendo los nombres de las mujeres y hombres de color recientemente asesinados por la policía. Continuó abordando directamente la cuestión de la violencia física perpetuada por el estado y los extremistas de derecha contra hombres y mujeres afroamericanos, y luego enumeró una lista de propuestas y demandas que abordan también cuestiones de la violencia desde lo político, jurídico, económico y ambiental. Este nuevo programa ha sido aplaudido los líderes del movimiento BLM.
 
La primera intervención de BLM proporcionó un ejemplo de dos movimientos progresivos distintos pero superpuestos, en conversación crítica y productiva. El último, en cambio, mostró que ambos pueden entablar por momentos un diálogo de sordos. Bernie, un hombre judío blanco de 74 años de edad, del segundo estado más blanco de los Estados Unidos (96,7%), fue lento al principio en reconocer la urgencia de este momento en la justicia racial, al igual que reconoció la falta de perspectiva al incluir los reclamos de BLM en una plataforma de justicia económica preexistente. Los activistas de BLM fueron oportunistas al explotar esta óptica a expensas de alguien que fue -como mínimo- un buen aliado blanco de los movimientos de justicia racial, desde que marchara en 1963 con Martin Luther King Jr. Su táctica, mientras fue útilmente provocativa en Netroots, fue desmedida en Seattle. En este segundo caso, el grupo liderado por activistas relativamente nuevos en la justicia social y muy alejados de encarnar el liderazgo de lo que es un movimiento esencialmente abierto, fue percibido como cínico y no particularmente interesado en la construcción de políticas progresistas más allá de divisiones esencialistas.
 
En síntesis, la saga Bernie-BLM ha sido una buena experiencia de aprendizaje para Sanders y sus seguidores, y esto debería reconfortarnos como progresistas. Además de su agenda de justicia racial, Bernie ha contratado más personas de color en puestos importantes. Él se ha vuelto también crecientemente activo en destacar la aterrorizante tendencia de violencia policial contra los afroamericanos. Por ejemplo, fue a visitar a la familia de Sandra Bland, una mujer de 28 años de edad que fue encontrada muerta en la cárcel tras ser detenida por una violación de tráfico menor. Después de esto hizo una poderosa y trágicamente simple declaración: “ella hoy estaría viva si hubiese sido una mujer blanca”. También hizo giras con prominentes figuras de la cultura negra como Killer Mike del grupo de rap Run the Jewels y mejoró su exposición acerca del racismo subyacente a gran parte de la economía de Estados Unidos desde la esclavitud. Aunque su nombre aún no es tan conocido entre estas comunidades como el de Hillary, su tendencia al voto ha aumentado significativamente.
 
En términos más generales, podemos ver estos debates como parte del crecimiento -y tal vez incluso de una generación- del activismo de una izquierda renovada en los Estados Unidos. Varias décadas en retirada, al menos en el nivel de conciencia de las masas, se invirtieron repentinamente con Occupy Wall Street (OWS) en septiembre de 2011, como he escrito anteriormente. Este movimiento incipiente tenía toda la gracia y la belleza de un recién nacido, lo que era –efectivamente- al menos para la gente vinculada en ello. Funcionó como un despertar generacional a la posibilidad de un activismo político transformador en los Estados Unidos. Black Lives Matter, aunque no estuvo directamente relacionado con (o inspirado por) OWS, entró en los medios de comunicación mainstream sobre su estela e incorporó (intencionalmente o no) muchas de las críticas contra su predecesor.
 
Bernie Sanders ha llegado a millones de personas para las que era más fácil relacionarse con la política a través del prisma de una campaña presidencial. Considerados en conjunto (aún cuando no son necesariamente una unidad), este triple movimiento marca el ascenso de una nueva era de la política progresista en los Estados Unidos. Y mientras los debates entre estos y otros movimientos políticos son necesarios, al igual que lo es la lucha crítica por la forma y dirección de la política progresista, es igualmente necesario que no dejemos que las luchas internas destructivas nos distraigan de la cuestión más profunda de nuestro tiempo, que es cómo refundar el sistema político y económico de Estados Unidos sobre uno que funcione para todo el mundo en nuestro país y que haga más por ayudar al resto del mundo que por dañarlo.
 
Bernie Sanders está haciendo todo lo posible para mantenernos enfocados en esta cuestión, siempre dejando en claro que no puede resolverlo él solo. Esta, más que cualquier otra razón, es por la que apoyo a Bernie Sanders y creo que tú también deberías hacerlo. Bernie es la persona mejor posicionada para impulsar un movimiento amplio con la oportunidad de ganar poder, y también para reorganizar alianzas políticas en torno a la solidaridad de clase y racial, a diferencia de las divisiones que nos imponen los intereses corporativos. Lo hizo en Vermont, tal vez no en el nivel de nuestras fantasías socialistas más elevadas, pero sin duda de una manera transformadora y duradera. Y cuando observamos el estado de la política estadounidense, donde un populista de derecha como Donald Trump ha capturado la atención de una gran parte del electorado republicano con mensaje no convencional, vemos la necesidad urgente de que nosotros demos batalla por una nueva nueva mayoría en este país, basada en la unión y no en el odio.
 
En su tierra, Bernie Sanders continúa manteniendo unida la coalición que ha construido con políticas que se mueven más allá de la guerra de trincheras partisanas. Es reconocido por su apoyo a los veteranos de guerra de Estados Unidos así como sus esfuerzos para auditar la Reserva Federal (ambas cuestiones normalmente consideradas conservadoras). Es sorprendentemente muy querido por muchos de sus colegas republicanos en el Congreso, no como alguien que habla de béisbol con ellos, sino como una persona que no habla de una manera y actúa de la otra. En un discurso reciente en la conservadora Christian Liberty University, Bernie utilizó una herramienta retórica que ha sido común a lo largo de su carrera, dijo a la audiencia, “no podemos estar de acuerdo en todo pero podemos estar de acuerdo en la injusticia que supone la desigualdad y en la corrupción y la disfunción que define nuestro sistema”.
 
Así como las primarias revelan profundas divisiones en cada uno de los partidos, también manifiestan una división aún más profunda entre las culturas conservadoras y progresistas en el país. Nadie parece ser capaz de imaginar un escenario peor que la victoria de un candidato del partido contrario. Más allá del mensaje de Bernie de transformación económica y política, él también nos muestra cómo se puede re imaginar nuestra política fracturada en el siglo 21. La posibilidad de una presidencia de Bernie Sanders nos proporciona una importante, aunque sólo sea parcial, hoja de ruta para superar la traba de la cultura política que nos ha dominado.
 
+++++
La última vez que visité Vermont, con mi esposa fuimos a ver a mi abuela de 90 años, una vermontesa y ávida seguidora de golf y programas de entrevistas políticas. No fue sorpresivo terminar hablando de las elecciones, y nos contó que uno de sus hijos, mi tío, estaba tratando de convencerla de votar por Bernie. Ella seguía indecisa. Conoció a Bernie durante décadas, le gusta y confía en su juicio, pero quiere ver una mujer presidenta antes de morir. Fue un argumento fuerte y simple, que consideré muy seriamente.
 
Mi esposa le respondió que su país ha tenido una mujer presidente progresista, Cristina Kirchner, durante la mayor parte de la década pasada y que, si bien ella entiende lo histórico que sería para nosotros, ¿acaso sería comparable con tener un presidente socialista en el país más capitalista y poderoso del mundo? Un momento, dijo mi abuela, no con desconfianza pero si como desempolvando una idea que ella no había considerado en un largo tiempo –¿Son ustedes socialistas? Nos miramos el uno al otro y tras una breve pausa, dubitativos, mi esposa contestó “si, supongo que si eso es lo que hace falta, lo somos”. Los ojos de mi abuela se abrieron un poco de sorpresa o de picardía, o quizás en un intento de absorber a su nieto y nieta política y la ola de ideas nuevas y viejas a la vez. Bueno, contestó -sus palabras fueron lentas y cuidadosas-, “mira nomás“.
 
La próxima vez que visite mi familia, espero estar celebrando la última intervención de Vermont en el curso de la historia de Estados Unidos. En el mejor de los casos vamos a celebrar la elección del primer presidente socialista democrático del país. Pero incluso si Bernie pierde, creo que su campaña ha creado un espacio para imaginar una nueva era en la política progresista. De cualquier modo, el mensaje de la revolución política de Bernie va a haber sido transmitido a una nueva generación de jóvenes, un terreno para que construyamos un futuro mejor.
 
* Traducción de Mercedes D’Alessandro y Pablo Polosecki. Original en inglés aquí. Ethan Earle es coordenador de proyectos en la oficina de la Fundación Rosa Luxemburgo en Nueva York.

Ob man den Klimagipfel als großen Erfolg ansieht oder eher als gescheitert, hängt ganz wesentlich von der Perspektive ab. Unsere ausführliche Einschätzung zu den Ergebnissen von Paris.
Von Rosa-Luxemburg-Stiftung Berlin
csm_Demo_Abschluss_0253ef8acd
Ob man den Klimagipfel als gescheitert ansieht oder nicht, hängt ganz wesentlich von der Perspektive ab, von der aus man dessen Ergebnisse bemisst. Dass ein Großteil der deutschen Zivilgesellschaft und das Gros der Medien die Vokabeln «historisch» und «Erfolg»nennt, hat mit einer stark prozessimmanenten Perspektive zu tun: Sie misst das Gipfelergebnis an dem, was innerhalb der gegebenen klimadiplomatischen Struktur der UN-Klimarahmenkonvention herauszuholen war. Und das ist tatsächlich mehr als in den 20 Jahren davor und mehr als von den meisten erwartet. Erstmals in der Geschichte haben 195 Staaten mit zum Teil extrem widersprüchlichen Interessen einem internationalen Abkommen zugestimmt. Für die meisten überraschend findet sich sogar das 1,5-Grad-Limit im Vertragstext wieder. Aus dieser Perspektive ist das Pariser Abkommen tatsächlich ein großer Erfolg, bei dem bis zuletzt offen war, ob er so realisiert werden könnte. In diesem Sinne haben der französische Außenminister Laurent Fabius und sein riesiges Corps Diplomatique eine diplomatische Meisterleistung hingelegt. Und vor diesem Hintergrund hat die Entscheidung über das Abkommen tatsächlich das nie dagewesenes diskursive Signal in die Welt gesandt, dass der Klimawandel ein solch gravierendes Problem ist, dass dessen Lösung ausnahmslos alle etwas angeht.
Aber reicht das, um die Euphorie angesichts der Pariser Beschlüsse zu rechtfertigen? Auffällig ist, dass die Vokabel «historisch» vielen Gipfelkommentatoren in den vergangenen Tagen synonym mit «erfolgreich» verwendet wurde, und dass aus der Tatsache, dass es überhaupt ein Signal in die Welt gab, allzu rasch das wirksame Signal zu einem Ende der fossilen Ära wurde.
Das ist gefährlich. Denn das Klima wird nicht durch Diplomatie gerettet, sondern dadurch, dass fossile Brennstoffe tatsächlich im großen Stil im Boden bleiben, der Raubbau der Wälder weitestgehend gestoppt wird, dadurch dass die klimaschädliche industrielle Landwirtschaft abgeschafft und der unermessliche Energiehunger dieser Welt drastisch eingedämmt wird. Und all dies innerhalb kürzester Zeit. Kurz: Das Klima wird nur durch effektive Politiken gerettet, die Klimaschutz und Menschenrechte über Profitinteressen und Wohlstandswahrung stellen, nicht durch historische Verhandlungserfolge.
 
Das 1,5-Grad-Ziel steht zwar im Text, aber es fehlen effektive Maßnahmen
Gerade diese effektiven Politiken stellt das Pariser Abkommen aber nicht in Aussicht. Aus dieser prozessexternen Perspektive ist das Abkommen desaströs. Vor allem ist die gefeierte Erwähnung des 1,5-Grad-Limits in dieser Hinsicht im besten Fall ein Pyrrhussieg, weil es nicht einmal im Ansatz durch Mechanismen und Maßnahmen unterfüttert ist, die dessen Einhaltung garantieren könnten. Mit den vorgelegten freiwilligen Reduktionsverpflichtungen der Staaten, den sogenannten INDCs, wird die Welt das noch verbleibende Emissionsbudget bis zur 1,5-Grad-Marke bereits 2020 erreicht haben. Erst 2018 aber soll es einen ersten Review dieser Ziele geben, das Abkommen überhaupt erst 2020 in Kraft treten. Das ist absurd zu spät, um noch die drastischen Maßnahmen einleiten zu können, die das 1,5-Grad-Limit irgendwie erreichbar erscheinen lassen könnten. Für das 1,5-Grad-Limit kann der vielfach gelobte Ratchen-Mechanismus, innerhalb dessen die Staaten ihre Ziele alle fünf Jahre – erstmals 2023 – anpassen wollen, deshalb kein geeignetes Instrument sein. Das Ziel ist also nur noch rein rechnerisch erreichbar – mit erheblichen «negativen Emissionen». Das heißt, der Atmosphäre müsste massiv Kohlendioxid entzogen werden – sei es durch Aufforstung, durch die Speicherung von Kohlendioxid im Untergrund (CCS), durch die Kombination von CCS mit Biomasse (BECCS) oder durch die Düngung von Ozeanen, um deren CO2-Aufnahmekapazität zu erhöhen. Diese Technologien aber sind nicht nur im großen Maßstab noch völlig unerprobt und es ist mehr als offen, ob die Kapazitäten reichen würden, um der Atmosphäre die großen Mengen überschüssigen Kohlendioxids wieder zu entziehen. Für BECCS etwa wären laut Oliver Geden von der Stiftung Wissenschaft und Politik gigantische Flächen nötig: mehr als die eineinhalbfache Fläche von Indien. Nicht nur, dass dies die Auseinandersetzungen um Zugang zu Land weiter verschärfen würde. Diese Technologie, für die riesige Flächen industriell bewirtschafteter Monokulturwälder (viel Dünger, viele Pestizide) angebaut würden, wäre auch eine ökologische Katastrophe. Und es besteht die Gefahr, dass im Untergrund gespeichertes Kohlendioxid mit der Zeit wieder an die Oberfläche tritt.
 
Aus der Perspektive des Globalen Südens muss die Pariser Gipfelshow verlogen erscheinen
Realistisch betrachtet heißt das, dass das Abkommen die Verfehlung des 1,5-Grad-Limits in Kauf nimmt. Und das wiederum bedeutet: Es wird bald sehr viel mehr Opfer durch starke Taifune, extreme Niederschläge und dadurch ausgelöste Fluten und Erdrutsche sowie krasse Hitzetage geben. Ohne effektive Maßnahmen werden ganze Landstriche unbewohnbar werden, werden Millionenstädte ihre Trinkwasserversorgung durch Gletscher verlieren und Länder von der Landkarte verschwinden. Das sehenden Auges in Kauf zu nehmen, zugunsten einer globalen Elite, die Profite und Wohlstand aufrechterhalten will, ist nicht nur menschenverachtend. Es ist auch verlogen, einen solchen Vertrag «ambitioniert» zu nennen, so wie es viele der Verhandler_innen in Paris getan haben. Die bloße Nennung eines Ziels kann nicht ambitioniert sein, wenn es nicht einmal im Ansatz erkennen lässt, dass man dessen Erreichung auch ernsthaft anstrebt. Das zeigt, wie losgelöst der klimadiplomatische Diskurs von der Realität ist.
Zugegeben, «menschenverachtend» und «verlogen» sind drastische Vokabeln angesichts eines komplexen jahrelangen Gipfelprozesses mit sehr vielen hart arbeitenden wohlmeinenden Akteuren, ohne die der Prozess nicht so weit gekommen wäre. Aus der Perspektive derjenigen aber, deren Angehörige durch die Klimakatastrophe ums Leben kommen, die ihre Lebensgrundlagen unwiederbringlich verlieren und zu Klimaflüchtlingen werden, bei alldem aber selbst nicht zum Klimawandel beigetragen haben, stellt es sich so dar, wie vor allem Stimmen aus dem Globalen Süden zeigen. Das Bündnis von Kleinbäuerinnen und Kleinbauern La Via Campesina etwa bezeichnet Paris als einen «Medienzirkus», dessen Maskerade nun gefallen sei und zeige, dass vor allem große Konzerne von dem Abkommen profitieren würden. Indigene sprechen von einem reinen«Handelsabkommen». Lidy Nacpil von der Global Campaign to Demand Climate Justice nennt das Abkommen«unfair» und «absolut inaktzeptabel», die Diskussionen um die 1,5 Grad einen «Hype», da die Welt trotz allem auf mehr als drei Grad Temperaturerhöhung zusteuere. Und sie beklagt, dass die Mainstream-Medien nur das Narrativ wiedergeben würden, das von den reichen Regierungen und Konzernen aufrechterhalten wird, die überhaupt kein Interesse an einer grundlegenden Transformation haben. «Sollten wir jetzt dankbar sein, weil deren Reduktionsversprechen uns auf Kurs setzen für 3, nicht für 6 Grad Erwärmung?» fragt Nacpil.
Und um das Ganze noch abzurunden, hier ein vielleicht erhellendes Zitat aus der Financial Times: «die im privaten geäußerte Einschätzung der britischen Regierung ist, dass die noch letzte Woche laut herausposaunten Beschlüsse des Klimagipfels überhaupt keine politischen Veränderungen nach sich ziehen würden.» Und Neuseeland, ein Mitglied der sogenannten «Koalition der Hochambitionierten», die das Paris Agreement vorantrieb und eintütete, erteilte nicht mal eine Woche nach dem Abschluss der COP neun Öl- und Gasförderbewilligungen.
 
Auch die Einhaltung des Zwei-Grad-Limits ist fragwürdig
Selbst der renommierte Klimawissenschaftler James Hansen sprach angesichts des Paris-Deals von einem«Betrug». Das Abkommen enthalte nur Versprechen, keine Taten – und Hansen meinte damit nicht einmal das 1,5-Grad-Limit, sondern die Zwei-Grad-Grenze. Es sei «Bullshit», sich ein Zwei-Grad-Ziel zu geben und dann zu versuchen, alle fünf Jahre etwas besser zu werden. Die bisher vorgelegten nationalen Emissionsreduktionsverpflichtungen (INDCs: intended national determined contributions) bringen die Welt im besten Fall – das heißt, für den Fall, dass sie tatsächlich eingehalten werden sollten – auf 2,7-3,5 Grad Erwärmung. Oder, um es anders auszudrücken: Bereits 2037 wird laut Einschätzung des UNFCCC das Emissionsbudget der Welt aufgebraucht sein, mit dem sie das Zwei-Grad-Limit noch einhalten könnte. Auch für das Zwei-Grad-Ziel wird mit den negativen Emissionen gepokert und die Emissionsreduktionen, die tatsächlich nötig wären, um das Limit nicht zu sprengen, bei weitem nicht drastisch genug vorangetrieben.
 
Es gibt kein klares Signal für das notwendige rasante Ende der fossilen Energien
Das Abkommen ist auch deshalb so schwach, weil es das zentrale Problem des Klimawandels, den enormen Verbrauch fossiler Ressourcen, nicht einmal benennt. 80 Prozent der bekannten fossilen Reserven müssen im Boden bleiben, wenn das Zwei-Grad-Limit nicht gesprengt werden soll. Im eigentlichen Vertragstext aber tauchen die fossilen Brennstoffe nicht ein einziges Mal auf. Der noch auf dem G7-Gipfel gefeierte Begriff der «Dekarbonisierung» ist den Verhandlungen zum Opfer gefallen. Ebenso wird das Gegenstück der Fossilen, die erneuerbaren Energien, gerade einmal in der Präambel des Vertrags erwähnt («In Anerkenntnis der Notwendigkeit, in Entwicklungsländern, vor allem in Afrika, universellen Zugang zu nachhaltigen Energien zu fördern, durch den erweiterten Ausbau erneuerbarer Energien…»).
Die «Dekarbonisierung» wurde durch die gefährliche Formulierung ersetzt, dass die Parteien auf ein ausgewogenes Verhältnis anthropogener Treibhausgase und ihrer Entfernung aus der Atmosphäre durch Senken in der zweiten Hälfte des Jahrhunderts hinarbeiten werden. Im Gegensatz zu den sehr optimistischen Interpretationen lässt sich daraus leider kein klares Signal für ein schnelles Ende der fossilen Energien herauslesen. Vielmehr setzt das Abkommen in hochriskanter Weise vor allem auf die Karte, dass es künftig im großen Stil möglich sein wird, der Atmosphäre Kohlendioxid zu entziehen. Angesichts all dessen stellt sich die Frage: Wo ist das klare Signal für das notwendige rasante Ende der fossilen Ära?
 
An der Grundlogik des Systems hat sich durch Paris noch nichts geändert
Das Problem dabei ist, dass zur Erreichung des äußerst ambitionierten 1,5-Grad-Limits sowie des Zwei-Grad-Limits ziemlich radikale politische Maßnahmen notwendig wären – vor allem, aber nicht nur, im globalen Norden, der die historische Verantwortung für den Klimawandel trägt.
Um unter 1,5 Grad zu bleiben, müssten tatsächlich die transformatorischen Schritte eingeleitet werden, von denen Angela Merkel so blumig in ihrer Eröffnungsrede zum Gipfel gesprochen hat. Davon ist die real existierende deutsche Wirtschaftspolitik aber weit entfernt ist. Wer mit einer Hand das klimaschädliche TTIP-Abkommen mit verbindlichen Schutzmechanismen für Konzerne vorantreibt, gleichzeitig aber mit anderen Hand wachsweiche Klimaabkommen ohne verbindliche Mechanismen zur Emissionsreduktion produziert, darf sich über Skepsis nicht wundern. (Klimaschädlich ist TTIP einerseits deshalb, weil es globale Handelsströme intensivieren und dadurch die Emissionen aus dem Transportsektor erhöhen wird, andererseits, weil es dazu beitragen wird, Sozial- und Umweltstandards zu unterlaufen werden, die für eine sozial-ökologische Transformation absolut vonnöten sind – siehe zum Beispiel die Klage von Vattenfall im Rahmen des ‘Energy Charter Treaty’ gegen den deutschen Atomausstieg)
Auch angesichts dieser Strukturen wird das Abkommen der Forderung der Klimagerechtigkeitsbewegung nach drastischen Emissionsreduktionen – vor allem in den Ländern des Globalen Nordens – absolut nicht gerecht. Es bewahrt die Ökonomien und Gesellschaften des Globalen Nordens davor, sich grundlegend zu wandeln. Es schützt das Business-as-usual. Und es schiebt die Verantwortung für die radikalen Emissionsreduktionen weit in die zweite Hälfte des Jahrhunderts, in den «Verantwortungsbereich» unerprobter unökologischer Technologien und mittels der weiterhin erlaubten Offset-Mechanismen weit ans andere Ende der Welt.
 
Das Abkommen bleibt bei der Klimafinanzierung vollkommen unverbindlich
Auch in Bezug auf die zweite wesentliche Forderung der Klimagerechtigkeitsbewegung, die rechtliche Verankerung massiver Finanzflüsse vom Norden in den Süden versagt das Abkommen fast völlig. Wohlgemerkt: Es geht hierbei nicht um die Art von Almosen, die einige Staaten medienwirksam auf dem Gipfel verkündet haben. Es geht um die Begleichung einer historischen Schuld, die moralisch ungleich verbindlicher ist als diejenigen Schuldenberge, die wir aus der Finanz- und Wirtschaftskrise kennen. Konkret geht es darum, den Ländern des globalen Südens eine Transformation jenseits von fossilen Brennstoffen zu finanzieren und die Kosten für die Anpassung an die gravierenden Folgen des Klimawandels zu übernehmen.
Schon die 1992 in Rio verabschiedete UN-Klimarahmenkonvention spricht davon, dass die Vertragsstaaten für die Klimafinanzierung «neue und zusätzliche finanzielle Ressourcen» bereitstellen soll. 2009 in Kopenhagen dann versprachen die Industrieländer ab 2020 mindestens 100 Milliarden Dollar pro Jahr zur Verfügung zu stellen. Viel mehr als dieses Versprechen gibt es auch mit dem Pariser Abkommen nicht. Es «mahnt nur dringend» (strongly urges), dass die Industriestaaten 2020 bis 2025 jährlich 100 Milliarden Dollar zur Verfügung stellen sollen. Ein konkreter Fahrplan, woher diese Mittel kommen sollen, wer zu welchen Zahlungen verpflichtet ist, fehlt noch immer. Tatsächlich nutzen die Staaten jetzt schon allerlei kreative Buchführungsmittel, um zu zeigen, dass sie bereits 62 Milliarden Dollar pro Jahr zahlen, und argumentieren nun, die neuen Versprechen in Paris beliefen sich auf $94 Mrd. pro Jahr. Kritikern wie Oscar Reyes vom Institute for Policy Studies in Washington zufolge fließen allerdings bislang nur zwei Milliarden Dollar an spezifischer Klimafinanzierung pro Jahr beziehungsweise, wenn man eine großzügigere Definition anlegt, maximal 20 Milliarden Dollar. Nach Schätzungen von Climate Fairshares wären aber 400 Milliarden Dollar pro Jahr nötig. Mit anderen Worten: Zwischen Anspruch und Wirklichkeit klafft eine riesige Lücke.
Neben der Übernahme der Klimaschutz- und Anpassungskosten geht es aus Klimagerechtigkeitsperspektive jedoch noch um weitaus mehr: Als historische Verursacher des Klimawandels soll der Globale Norden für die Schäden und Verluste zahlen, die sich nicht mehr vermeiden lassen. Was aber kennzeichnet das Abkommen? Versteckt hinter den wohlstandswahrenden Rockschößen der USA hat sich der reiche Norden komplett gegen jegliche Formulierung im Text gesperrt, die etwas mit Reparationen für Schäden und Verluste, oder gar mit daraus entstehenden Rechtsansprüchen zu tun hat. Die amerikanische Delegation machte deutlich, dass jeder Versuch, derartige Ansprüche in den Text einzufügen, das Abkommen unmöglich machen würden. Zwar hat es das Thema «loss & damage» als eigener Artikel in das Abkommen hineingeschafft. Weder enthält dieser jedoch Rechtsansprüche auf Entschädigung, noch irgendwelche konkreten Finanzzusagen noch überhaupt einen Zeitplan, bis wann es konkrete Zusagen geben soll. Mit anderen Worten: nicht als Versprechungen, Zusagen und Appelle, der Norden im allgemeinen und die USA im Besonderen würden alles tun, um die ärmeren Staaten des Südens zu unterstützen. Mit anderen Worten: Statt auf Gerechtigkeit darf der Globale Süden mit dem Pariser Abkommen nur auf Almosen hoffen.
 
Und sie bewegt sich doch: die Klimagerechtigkeit(sbewegung) nach Paris
Es hieße jedoch, sich die Sache allzu leicht zu machen, jetzt einfach nur auf dem strukturellen Scheitern des Gipfels zu beharren, ohne ihn darauf abzuklopfen, inwiefern, und auf welchen Ebenen, der Klimaschutz nun doch etwas vorangekommen sei – und ein besonderes Interesse in dieser Hinsicht gilt der Klima(gerechtigkeits)bewegung. Diese hatte im Vorfeld des Gipfels immer wieder darauf beharrt, das «letzte Wort» zum Gipfel zu haben – unter anderem und vor allem, um die Demobilisierung und Frustration zu vermeiden, die nach Kopenhagen eingetreten waren. Teil dieser Bewegungserzählung war es auch, von Anfang an darauf zu bestehen, dass auch im besten Falle – also im Falle eines relativ ambitionierten und gerechten Deals – die Entscheidung darüber, ob die Gipfelbeschlüsse auch wirklich umgesetzt würden, vor allem auf der Straße fallen würde.
Und, hatte sie nun das letzte Wort, die Klimabewegung – dazu noch im Ausnahmezustand, unter dem Paris seit dem 13.11. lag? Hierzu ein längeres Zitat von Pascoe Sabido von Corporate European Observatory, einem der Stars der diesjährigen Bewegungsmobilisierung: «Ich finde nicht, dass wir das letzte Wort hatten, da wir unsere Erzählung nicht in den bürgerlichen Medien verankern, und keine Konfrontation produzieren konnten, die in die Verkündung des Deals hinein interveniert hätte. Aber der Eindruck, den ich zum absoluten Großteil von all denjenigen bekam, die am 12.12. in Paris waren, war der: D12 (der 12. Dezember) war kein Zweck an sich, sondern Mittel zum Zweck einer massiven Eskalation unserer Kämpfe im Jahr 2016… Es wird kein ‘letztes Wort’ geben, nur unsere unausweichliche Kakophonie, die sich überall hin erstrecken, überall die Strukturen der Ungerechtigkeit attackieren wird. Die Saat ist gesät, der Wald wächst. Unsere Aktionen werden 2016 deutlich größer sein, als alle Worte, die in Paris gesprochen wurden.»
Wie aber steht die Bewegung nach Paris dar? Die, um Pascoes Wort aufzugreifen, Kakophonie der zivilgesellschaftlichen Stimmen nach der COP21 lässt zuerst nichts Gutes hoffen. Von den mit Freudentränen überströmten Gesichtern einiger NGO-Kräfte, die sich vor Glück kaum einkriegen konnten, bis hin zur abgeklärten Frustration einer Lidy Nacpil war alles im Angebot. Bedeutet das, dass die Klimabewegung weiter in der unproduktiven Spaltung des letzten Jahrzehnts verharrt, auf einer Seite erklärte GipfeloptimistInnen, auf der andere Seite die SkeptikerInnen?
So langsam kann die Bewegung das auch besser. Ein Beispiel: So unrealistisch die Einhaltung des 1.5-Grad-Limits zurzeit auch ist: Dass diese Zahl im Paris-Abkommen steht, sehen Teile der Klimabewegung auch als einen diskursiven Sieg an. Von den 1,5-Grad-Limit kann auch ein Signal ausgehen, das die Bewegung versucht, so stark wie möglich zu machen – so etwa Kumi Naidoo von Greenpeace International, als er nur wenige Stunden nach Verabschiedung des Pariser Abkommens in Interviews von einem «starken Signal» sprach, dass das Ende des fossilen Zeitalters gekommen sei. In dieser Hinsicht geht es nicht darum, was genau im Vertrag steht, sondern wie es wahrgenommen wird. Diese Aussage ist eher Sprechakt denn Analyse, also eher ein Versuch, eine Realität herzustellen, als sie zu beschreiben. Adressaten sind vor allem die Finanzmarktakteure, die davon überzeugt werden sollen, dass die fossile Ära zu Ende geht.
Darüber hinaus wird die Bewegung die 1,5 Grad auch als politische Waffe nutzen, um die alles entscheidende Auseinandersetzung um die Zukunft fossiler Brennstoffe voranzutreiben. «Jedes Mal, wenn wir in der Zukunft fossile Infrastruktur blockieren», schrieb dazu der Gründer des internationalen Klimanetzwerks 350.org Bill McKibben auf Twitter, «werden wir sagen können: ‘Ihr habt doch 1,5 Grad gesagt'». Weil die weitere Förderung fossiler Ressourcen so absolut unvereinbar mit dem 1,5-Grad-Limit ist, bietet das Pariser Abkommen einen Hebel für die Forderung der Klimabewegung. Wie wirkmächtig dieser Hebel sein wird, wird davon abhängen, wie stark der Druck von unten ist.
Insofern birgt die Erwähnung des 1,5-Grad-Limits zwar einerseits die Gefahr, dass sich einige von der Illusion blenden lassen, dass die Erwähnung des Ziels auch irgendwie dessen Umsetzung berge. Andererseits ist die Erwähnung der 1,5 Grad aber auch ein neuer Pfeil im Köcher der Klimabewegung.
Hier zeigt sich eine zunehmende Reife und strategische Ausdifferenzierung innerhalb der Klimabewegung. Gab es vor einigen Jahren auf der internationalen Ebene vor allem zwei große, im Clinch miteinander liegende Netzwerke – auf der einen Seite das moderate Climate Action Network, auf der anderen Seite das radikale Netzwerk Climate Justice Now! – deren Positionen vor allem vom Verhältnis zum Gipfelprozess bestimmt wurden, sind in den letzten Jahre nicht nur neue internationale Akteure, sondern auch neue internationale Bewegungspolitikfelder entstanden. Ob «Ende Gelände» oder 350.org, ob Greenpeace (nicht neu, aber neuerdings immer mehr in Bündnissen zu sehen) oder die französische Steuerungsgruppe der Coalition Climat 21, die in Paris die Bewegungsaktivitäten organisierte – diese ‘neuen’ Akteure der internationalen Klimapolitik sind nicht mehr an die alten Konfliktlinien gebunden.
Außerdem stellte sich nach Kopenhagen allen Klimabewegungsakteuren die Frage, welche Strategien nun, nach dem offensichtlichen Scheitern der internationalen Klimadiplomatie, notwendig und möglich wären, um das Problem in den Griff zu kriegen. Danach entstanden zum Beispiel die äußerst erfolgreiche Divestment-Kampagen, entstanden internationale Diskussionszusammenhänge zum Thema Energiedemokratie, begannen ungehorsame aktivistische Gruppen, sich global zu vernetzen, um gegen fossile Brennstoffe zu kämpfen.
All diese Kämpfe werden weitergehen, sie werden nach dem, was man aus den Aktivist_innenkreisen hört, in den nächsten Jahren von unten eskaliert werden. Die Bewegung ist größer, reifer und ausdifferenzierter geworden. Und der Pariser Klimagipfel hat sie nicht geschwächt, sondern vermutlich gestärkt.

Mafalda_9-700x409A Fundação Rosa Luxemburgo procura empresas e pessoas que estejam interessadas em prestar serviços para o ano de 2016.
 
Confira os editais específicos:

Manutenção e implementação de melhorias no site www.rosaluxspba.org e demais ferramentas eletrônicas (até 22/01)

Serviços de filmagem e edição de vídeo (até 22/01)

Preparação e revisão de textos em língua portuguesa (até 01/02)

Elaboração de projeto gráfico, diagramação e finalização de publicações impressas e eletrônicas (até 01/02)

Serviços de impressão em papel, gráficas (até 01/02)

Tradução: alemão e espanhol

 
 

Aqui nesta COP como nas anteriores, o ‘urso polar’ é o grande ícone da ‘natureza ameaçada’, as imagens da população mais ‘vulnerável’ é sempre a de ‘nativos’ em visível condição de ‘pobreza’. É gritante a forma como o racismo e o olhar colonial são constitutivos desta narrativa hipócrita que reduz todos os problemas a uma entidade chamada ‘clima’
Por Camila Moreno, Grupo Carta de Belém*

Ontem à noite (10/12, quinta-feira) na véspera do prazo final para o término da conferência das partes que deverá aprovar o novo acordo climático global, a presidência da COP21 divulgou uma proposta de texto, segundo eles mais ‘limpo’, pois com menos colchetes (brackets), que representam os pontos onde não há acordo. O texto foi bastante criticado por vários países, pois reitera formulações problemáticas sobre a diferenciação entre os países – uma questão central a toda a discussão e aos princípios da Convenção do Clima – e que é visto por muitos como a reiteração da tentativa constante de forjar, através de um novo acordo, também novas regras e interpretações da própria Convenção. Além disso, o novo texto inclui pontos e linguagem que não constavam nas versões anteriores. O término da COP, previsto originalmente para o final do dia de hoje, sexta-feira 11/12, já foi adiado para amanhã, pelo menos. E a presidência francesa anunciou um novo texto que deve ser circulado somente na manhã de sábado…

Foto de mbeo/Flickr

Foto de mbeo/Flickr


Estas dinâmicas e reviravoltas ‘textuais’ não são novas. Desde o Acordo de Copenhague em 2009, as COPs vêm sendo estendidas sobre os dias do final de semana (a última, em Lima, terminou as 03:00 da madrugada de domingo) além do prazo previsto e são marcadas por reviravoltas e textos facilitados ou propostos pelos chairs ou pela presidência e que vão além (ou ficam aquém) do que foi negociado pelas partes. Apesar das longas ‘Indabas’ (reuniões plenárias, participativas e que pretendem mostrar a ‘transparência’), o processo que avança, e se traduz nos textos cada vez mais aprimorados na linguagem capciosa, vai claramente sendo costurado em espaços onde poucos participam e que parece ser paralelo à dinâmica exaustiva de intermináveis sessões, todas em inglês, sem tradução, somadas às longas horas e noites de negociação que impõem esgotamento físico e mental aos negociadores, todos sob a crescente pressão política para produzir um acordo…
Apesar do espaço nivelador e conduzido pelas partes (países) do âmbito multilateral, nestas condições, a metodologia que caracteriza o modo de trabalho é a do tipo ‘rolo compressor’, com delegações de países com capacidades absolutamente díspares de seguir e fazer sentido de tudo o que vai sendo negociado e amarrado, e que acontece em múltiplas reuniões e conversas paralelas, na corrida contra o tempo. Pense por exemplo no tamanho e capacidade da delegação negociadora da União Européia em comparação com a da Bolívia ou Burundi, por exemplo.
Lobby nuclear
Para quem segue de longe o que está acontecendo em Paris, parece que os debates aqui se reduzem a saber se o acordo irá buscar o limite de aumento da temperatura média do planeta em 1.5 ou 2 C, se a referência à ‘transição justa’ para os trabalhadores, aos ‘direitos humanos’ ou aos ‘povos indígenas’ (mesmo que de forma apenas retórica) aparece ou não no texto e a grande questão: quem pagará a conta. Enquanto isso, questões de suma importância como o explícito lobby nuclear – considerado pelo IPCC como energia carbono-neutro – vem ganhando espaço no pacote das tecnologias que deverão ser ‘transferidas’ aos países. As empresas de tecnologia como Google, Microsoft e Facebook reivindicam protagonismo (e oportunidades de negócios) dentro do arcabouço de contabilidade e verificação do carbono – a ‘moeda’ do clima. Da mesma forma, o agronegócio tenta implacar o pacote de agricultura climaticamente inteligente, que se traduz no objetivo de integração e subjugação dos camponeses e pequenos agricultores do mundo em desenvolvimento às cadeias globais de valor controladas por empresas como Unilever, Danone, Cargill, Nestlé. Em nome de proteger populações ‘vulneráveis’ contra as mudanças climáticas, a integração às empresas (e aos seguros agrícolas embutidos no financiamento do pacote tecnológico) é propagandeado como forma de promover e aumentar a capacidade de ‘resiliência’.
A cada nova versão do texto, e de fato, no decorrer dos últimos anos, a linguagem sobre o clima se aprimora e o conteúdo está cada vez mais codificado, tornando o já incompreensível jargão do ‘climatês’ (lembrando, sempre acrônimos para expressões em inglês) e da lógica carbonocêntrica e reducionista sobre ‘o clima’ um discurso inconciliável com o modo como no mundo real nós falamos e nos comunicamos sobre a crise ambiental. Aqui nesta COP como nas anteriores, o ‘urso polar’ é o grande ícone da ‘natureza ameaçada’, as imagens da população mais ‘vulnerável’ é sempre a de ‘nativos’ (todos de países tropicais, na maioria negros e indígenas e mulheres) representados nos cartazes, banners, publicações e vídeos em meio ao seu ambiente ‘natural’ (a selva ou paisagens agrícolas) e em visível condição de ‘pobreza’, tal como esta foi definida no imaginário do mundo ocidental. É gritante a forma como o racismo e o olhar colonial são constitutivos e estruturantes desta narrativa hipócrita que reduz todos os problemas do mundo – e as contradições intrínsecas à reprodução do capitalismo – a uma entidade chamada ‘clima’, que se traduz e materializa no mundo em ‘unidades de carbono’. Aliás, ‘unidades’ que deverão ser ‘internacionalmente transferíveis’: forma eufemística para se referir ao comércio dos ‘resultados de mitigação’.
Comércio de carbono
Independente de qual seja a versão final do texto que será aprovado aqui e sua força legal, este irá se apoiar nesta premissa fundamental e dará mais um passo no caminho de incorporar a abstração global ‘carbono’ como unidade de medida para a economia internacional. A ‘visão de longo prazo’ de atores como Banco Mundial e FMI, grandes corporações e governos (como os do G7) é a ‘descarbonização’ e a transição para uma ‘economia de baixo carbono’. A introdução desta terminologia no acordo é rechaçada por muitos países que enxergam estes termos como vagos e perigosos. Em uma economia globalizada, e uma civilização historicamente e essencialmente dependente de petróleo, carvão e gás para existir enquanto tal, ‘transição’ significa a necessidade econômica de ampliar a cesta de opções energéticas, com a promoção de tecnologias mais custo-eficientes (e suas respectivas patentes), assim como construir novas infraestruturas energéticas para manter o mesmo modelo de sociedade funcionando. Sem com isso questionar o quão ideológico é o discurso do ‘desenvolvimento’ (uns já são, outros ainda não, como se houvesse um modelo pré-definido e inexorável de evolução da organização das sociedades). Além disso, o paradigma do crescimento econômico – que determina a necessidade de geração de aumento da oferta de energia – mesmo que vestido de ‘verde’, segue como um dogma inquestionável.
Estes são pontos centrais, por mais ‘vazia’ que possa parecer a versão final do acordo. Mesmo que muitos façam a crítica de que este será um acordo frágil, apontando para prazos mas empurrando decisões e definições mais para frente, Paris é mais um passo importante na cristalização de um horizonte comum. Tal como expresso nas INDCs submetidas por dezenas de países, e que vêm, através da ‘ação climática’, integrando –  e promovendo o ajuste estrutural – de políticas domésticas em seus mais variados âmbitos.
Fixar o carbono como uma métrica internacional, colocar preço ao carbono e conectar os preços do mercado internacional de energia (de base primariamente fóssil) com as políticas regulatórias do clima, é a principal equação está sendo cristalizada aqui. Um próximo passo será alinhar isso às regras de comércio internacional, que deverão ser informadas também pelo carbono (intensidade ou ‘pegada’ de carbono dos produtos).
Questões concretas
Em função disso, a bandeira de ‘combate às mudanças climáticas’ está cada vez mais evidentemente desconectada do que são as questões ambientais concretas nos territórios e de agendas como, por exemplo, o contexto de franco retrocesso de direitos sociais e territoriais duramente conquistados ao longo das últimas décadas; a contaminação escandalosa por transgênicos e agrotóxicos que se reflete como talvez a maior agenda de saúde pública no Brasil; a exclusão e violência policial e urbana que dizima a juventude negra nas periferias brasileiras; ou a questão de fundo das (ilegítimas) dívidas externas dos países, cujo pagamento justifica e respalda a adoção de medidas de ajuste fiscal, austeridade e, não raro, privatização.
Sob esta perspectiva, a agenda ‘do clima’ que vem sendo forjada para pautar a agenda de cooperação, desenvolvimento e – muito importante – o financiamento internacional nas próximas décadas, parece que vem servindo muito mais para opacionar outras agendas e para assegurar a reprodução dos atores e do modelo hegemônico, sem questionar em nada o pano de fundo ideológico.
Neste cenário, onde se esvazia diariamente a perspectiva histórica, da dívida ecológica e de uma ordem mundial construída nos últimos séculos sob o colonialismo, é triste ver os países do sul disputando entre si, com ‘o pires na mão’, os possíveis recursos ‘para ação climática’, se submetendo à imposição da lógica de ‘pagamentos baseados em resultados’, pacotes tecnológicos e novas equações de dependência. Um desafio para o Pós Paris poderia ser a reflexão e o diálogo sobre o desafio de reconstruir narrativas que, fora das armadilhas do discurso do carbono, tragam para a linha de frente as agendas concretas que mobilizam na base e nos territórios a necessária convergência de lutas e construção de movimentos.
* Texto originalmente publicado no site do Grupo Carta de Belém em 

Por Base-IS
Tractor fumigador
Este año sorprende a Paraguay con la importación de un total de 24 millones de kilos de herbicida, la sustancia que acompaña el cultivo de la soja transgénica en el país. Al mirar con mayor detalle, se ve un aumento de importación de los herbicidas paraquat (62% más) y 24D (9% más), y la disminución de la importación del glifosato (8% menos).

Por su alta toxicidad el paraquat está prohibido en al menos 36 países, en toda la Unión Europea, y restringido en la mayoría de otros. Su alta toxicidad y efectos sobre la salud humana, fauna, vegetación y peces le ganó un espacio en la “docena sucia”, una lista mundial de los 12 agrotóxicos más tóxicos.
Por eso su erradicación forma parte de una campaña mundial desde 1985, emprendida por la Pesticide Action Network (PAN), que en la región actúa a través de Red de Acción en Plaguicidas y sus Alternativas para América Latina (RAP-AL). De acuerdo a la analista Inés Franceschelli, el crecimiento del uso de estos herbicidas nos habla de que la producción de soja en el país está optando por agrotóxicos más potentes frente a resistencias desarrolladas por las malezas.
 
Qué dijo la ONU sobre Paraguay
Esta realidad viene preocupando y movilizando a distintos actores de la sociedad paraguaya y también a organismos internacionales, como el Comité de Derechos Económicos, Sociales y Culturales (DESC) de las Naciones Unidas. A inicios de 2015, durante su 54a sesión ordinaria, examinó a Paraguay y en su informe final reiteró “su preocupación anterior particularmente en cuanto a los efectos negativos que trae aparejado el extenso cultivo de soja en el Estado parte, particularmente en la degradación del medioambiente, el uso indiscriminado de agro-tóxicos, la contaminación del agua y la inseguridad alimentaria”.
Instó al Estado paraguayo a “controlar el cultivo de la soja, a fin de que éste no traiga aparejado un detrimento en el disfrute de los derechos”, especialmente a través de leyes “contra el uso indiscriminado de agro-tóxicos, y que prevea sanciones apropiadas para los responsables y una indemnización adecuada a las personas afectadas”.
 
Dos gobiernos, 19 transgénicos aprobados

En los últimos cuatro años los gobiernos de los presidentes Federico Franco y Horacio Cartes liberaron 19 cultivos transgénicos en el país, sumándose éstos a la soja RR que ya se cultivaba. Esto trae aparejado un mayor uso de agrotóxicos, pues la mayoría de estos cultivos aprobados tienen incorporada la tecnología de tolerancia a sustancias químicas.
Detrás de esta lógica de producción se registra una serie de conflictos sociales, territoriales. ambientales y culturales, como el envenenamiento de comunidades enteras, entre las que resaltó la muerte de dos niñas en 2014, ocurridas en la comunidad de Húber Duré, a más de 300 kilómetros de la capital paraguaya.
En 2015 la campaña de la soja ocupó 3,5 millones de hectáreas según datos del Ministerio de Agricultura y Ganadería (MAG), y dejó sólo un espacio de 352 mil hectáreas para el cultivo de alimentos.
 
Ley de etiquetado de transgénicos

Este año el día mundial por el no uso de agrotóxicos encuentra a organizaciones campesinas, indígenas, urbanas y defensoras de derechos humanos realizando varias actividades. El miércoles 9 de diciembre la plataforma Ñamoseke Monsanto (Saquemos a Monsanto) presentará un proyecto de ley que pretende obligar a las industrias alimenticias a especificar en sus etiquetas la presencia de ingredientes transgénicos.
La presentación se realizará en la Sala Bicameral del Congreso Nacional, desde las 9 horas, y se entregará el proyecto de ley a la Comisión de Derechos Humanos del Senado paraguayo.
 
Informe anual sobre agronegocios en Paraguay
Al término de esta audiencia pública, Base-Investigaciones Sociales (BASE-IS) presentará y distribuirá gratuitamente entre las personas presentes ejemplares de “Con la soja al cuello”, un informa anual sobre agronegocios en el país. El material trae 17 artículos de distintos analistas del área, relacionados a los efectos sobre la realidad económica y social del país, la injusticia tributaria, el agua, los transgénicos, los efectos sobre la saluda humana y el medio ambiente, la importación de agrotóxicos, la concentración de riquezas, la expulsión campesina e indígena, los efectos sobre la agricultura campesina y los conflictos políticos y territoriales.
Los índices de importación de herbicidas que reproducimos en esta nota periodística fueron extraídos del artículo “Pobre Paracelso”, de Franceschelli, que forma parte del informe anual.


FOTO: Periódico E’a
 

Aercio de Oliveira, coordenador da FASE no Rio de Janeiro, analisa plano de habitação social para a zona portuária e critica a lógica empregada no chamado Porto Maravilha. Entre outros pontos, analisa os motivos da exclusão do bairro Caju das obras urbanas da região.

Via FASE

Aercio de Oliveira. (Foto: Gilka Resende/FASE)

Aercio de Oliveira. (Foto: Gilka Resende/FASE)


O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), lançou nesta quinta-feira (1º) o Plano de Habitação de Interesse Social do Porto. Em suas propagandas sobre a “cidade olímpica”, a prefeitura carioca fala de um município que “se transforma a cada dia” e não “para de avançar”. Entre tantas áreas em obras, a zona portuária está entre as mais visadas por grandes empreendimentos imobiliários e industriais. Mas toda essa transformação no chamado Porto Maravilha veio acompanhada de violações de direitos humanos, inclusive do direito à moradia.
Aercio de Oliveira, coordenador regional da FASE no Rio de Janeiro, acompanhou de perto a elaboração do Plano em audiências e em Conferência Municipal realizada para debater assunto. Nesta entrevista, além de apontar contradições no Plano, ele relaciona o tema a questões ambientais e comenta, ainda, os desafios enfrentados nas lutas sociais da atualidade. Aercio coloca em destaque o bairro Caju, que foi excluído do perímetro de obras públicas da zona portuária. Recentemente, o tema foi aprofundado por ele no artigo “Bairro do Caju: de Balneário Real à Zona de Sacrifício Ambiental”, que integra o livro “Direito à Cidade para um Mundo Justo e Seguro: o caso dos BRICS”, organizado pelo BRICS Policy Center. “Estão trocando gente por container”, comenta sobre a realidade do bairro.
A prefeitura acaba de apresentar o Plano de Habitação de Interesse Social para zona portuária, no contexto do Porto Maravilha. Pensando mais no bairro Caju, quais as suas críticas ao Plano?
A primeira crítica é: você fazer uma operação urbana consorciada como esta e não levar em consideração um bairro que, de acordo com o IBGE, tem 20 mil habitantes. Independente das razões do Plano, ele é uma oportunidade de mobilizar os atores interessados, principalmente os moradores que mais sofrem com a falta de política habitacional. Mas ele tem limitações. Não fica claro, por exemplo, qual é a fonte dos recursos que vai garantir habitação de interesse social. Não ficam claros os dispositivos de controle social e de participação. O plano indica, por exemplo, a produção de 10 mil unidades, mas essas não são majoritariamente para quem está no déficit habitacional e recebe de zero a três salários mínimos. E o plano anuncia que a produção da metade dessas unidades ainda dependerá da viabilização de recursos. Isso vindo de uma das prefeituras mais ricas do país é um escárnio. Por mais que existam, dentro da prefeitura, funcionários e técnicos competentes preocupados em enfrentar a questão da moradia, ela, lamentavelmente, não é uma prioridade política para o atual prefeito. Você tem outro problema: o próprio governo municipal aponta que aquela área, que hoje tem cerca de 30 mil habitantes, vai chegar a 100 mil. E você tem 10 mil unidades habitacionais? Como fica isso? A tradição na política brasileira é dar pouca importância ao diálogo com a sociedade. Na zona portuária do Rio, mesmo tendo ocorrido audiências com a finalidade de debater o Plano, o processo foi muito acelerado. Ainda assim, apareceram indicações positivas como a questão da locação social. Ou seja, a construção de imóveis voltados para famílias de menor poder aquisitivo com aluguéis abaixo do valor de mercado. Porém, para termos um plano mais realista, que incorporasse os interesses da maioria da população que cotidianamente tem seu direito violado, seria preciso mais tempo de diálogo. Temos aquela velha questão, que ultimamente vem se agravando: a urgência para garantir os interesses político-eleitorais e econômicos acaba atropelando processos de participação, em que os mais prejudicados são moradores de periferia e de favelas.
Sobre a atual reconfiguração da cidade do Rio, qual a relação entre injustiça ambiental e gentrificação²?
A fonte é a mesma: a de uma sociedade desigual. A base do sistema capitalista é a desigualdade. E você tem no Brasil a combinação disso com a marca cultural da opressão. O Brasil foi um dos últimos países a acabar formalmente com a escravidão. Então, você tem essa configuração perversa. Está incorporada na sociedade, inclusive nas agências públicas e estatais, certa seletividade ou falta de universalidade nas aplicações das políticas. Foi naturalizado que uns merecem mais e outros menos. Isso significa que toda transformação urbana fortalece o ideário de privilegiar poucos, privilegiar uma elite. Com isso, as pessoas pobres são empurradas para a periferia e para áreas com problemas de estrutura para se viver, com alagamentos e risco de deslizamentos, por exemplo. Hoje, no Rio de Janeiro, mais uma vez as famílias estão sendo deslocadas. Normalmente, são levadas para áreas onde se tem sérios problemas ambientais. Você nunca vai ver uma fábrica numa área nobre da cidade, por exemplo. O caso do bairro Caju é curioso, porque você pensa que o passivo ambiental de lá já existia e que, depois, as pessoas, por falta de opção, foram parar lá. Mas, na verdade, é o contrário. As pessoas já estavam lá. É claro que poderíamos citar vários outros exemplos, mas o Caju é emblemático. O bairro mostra com muita força o que é um processo que combina segregação socioterritorial com injustiça ambiental.
Ainda sobre o Caju, poderia falar sobre o seu processo de transformação?
Reunião do programa da FASE no Rio junto a moradores do Caju.

Reunião do programa da FASE no Rio junto a moradores do Caju. (Foto: Arquivo FASE)


O Caju sofreu o efeito das transformações socioeconômicas do Rio e do descaso histórico do poder público com setores populares. Só que ali a situação foi se complicando mais por ter uma dinâmica muito própria da área portuária. Ali ainda tem o cemitério, a estação de tratamento de esgoto Alegria, a indústria naval perto, e com tudo isso começou um processo de degradação muito grande, sem que ocorressem reparos ao longo dos anos. Com as transformações da cidade, mesmo dentro da lógica de acumulação de capital a qualquer custo e de elitização, o Caju ficou abandonado. É uma região que tem um valor histórico para o Rio de Janeiro e para o Brasil. Por exemplo, foi o primeiro balneário da cidade e abrigou a Casa de Banho de D. João VI , e foi também uma das primeiras vilas de pescadores regularizadas, isso ainda no governo Getúlio Vargas. O bairro está a menos de cinco quilômetros de um grande projeto urbano, que está gastando muito dinheiro, e chegou a estar no perímetro de Operação Urbana Consorciada (OUC) do Porto Maravilha. Mas depois avaliaram que seria um custo muito elevado e o retiraram. No fundo, para mim o problema é outro: primeiro, trata-se de uma área que prioritariamente é parte da expansão do porto dentro dessa nova lógica e padrão de comércio em uma economia globalizada, que usa muito o container para o transporte de mercadorias. É aquela história: temos a ampliação da área portuária, para que vamos investir algo para melhorar as condições de vida no Caju? Estão trocando gente por container. A segunda questão é a seguinte: a inação é política. Não ter política para o bairro é a política. Ou seja, a política está sendo deixar as pessoas nessa situação. Elas vão ficar lá enquanto suportarem. Existe um “esvaziamento natural”. Foram desativadas unidades de serviços públicos de educação, de saúde, etc. Você tem uma das regiões mais poluídas do Rio, com problemas seríssimos de mobilidade, com circulação de caminhões que causam acidentes envolvendo moradores, e nenhuma política pública explícita de enfrentamento e de aplicação da lei. Existe uma quantidade imensa de legislações que estão sendo violadas no Caju. E é importante destacar ainda um terceiro elemento: o Caju, para o mercado imobiliário, não é uma área de grande valor. A prioridade ali é a expansão do porto, da indústria offshore, da cadeia produtiva do petróleo. Ali não é uma área para empreendimento imobiliário, aquela terra não se negocia como outras áreas centrais do perímetro do Porto Maravilha.
Em artigo sobre o bairro, você aponta que a sustentabilidade é entendida como um termo polissêmico. Você poderia explicar um pouco mais isso?
Nas últimas décadas, essa expressão [sustentabilidade] acabou sendo assumida tanto pelas grandes corporações – que sabemos que têm muita responsabilidade na formação dos passivos ambientais, na emissão de gases, etc – como por setores da sociedade do campo democrático mais crítico. No entanto, quando a gente olha o cotidiano e verifica como esse termo é operacionalizado, [a situação] é completamente diferente. Então, você imagina uma empresa como a Monsanto, ou uma grande empresa de extração mineral, que na sua função principal já traz danos irreparáveis para o meio ambiente, falando em sustentabilidade. Outros setores também usam a mesma expressão, mas para pensar outro modelo de cidade, a agroecologia, que está ligada à segurança alimentar, isto é, a efetividade desse uso é completamente distinta. Isso causa certo embaralhamento ao senso comum. Na televisão está todo mundo falando em sustentabilidade. Com isso, acaba se tornando um termo difícil de precisar, de ter um sinônimo para ele. No fundo, essa apropriação do termo sustentabilidade [pelas corporações] tem a ver com a lógica da mercantilização de tudo, inclusive com a monetização dos próprios passivos ambientais.
Para além dos preços dos terrenos, o grave processo de especulação imobiliária expulsa pessoas de seus territórios, onde elas construíram histórias de vida e criaram identidades. Como as organizações e movimentos sociais podem trabalhar numa perspectiva de relacionar uma leitura sobre essa realidade à luta pelo direito à moradia?
Morro da Providência, favela que sofreu com remoções no contexto do Porto Maravilha. (Foto: Luiz Baltar)

Morro da Providência, favela que sofreu com remoções no contexto do Porto Maravilha. (Foto: Luiz Baltar)


As pessoas [moradoras de áreas ameaçadas de remoção], de alguma maneira, resistem e apresentam propostas, mas tem sido muito difícil conter a gana da indústria imobiliária, que lamentavelmente conta com a força e o poder da administração pública. Atualmente as práticas políticas têm sido repensadas. No Brasil, estamos em um momento muito delicado em relação à crença nas instituições, na capacidade delas em enfrentar o processo de desigualdade criado pelo atual modelo de desenvolvimento. É um problema, não é algo de fácil solução. Por outro lado, temos um processo de resistência que foge de formas organizativas que foram constituídas antes mesmo do fim da ditadura civil-militar e, depois, [no processo de] reconstrução democrática. Acredito que estamos entrando em uma nova etapa de mobilizações, em que todo sistema político tradicional (Câmara, Senado, prefeituras, governos de forma geral) está em xeque. Basta olharmos para a quantidade de grupos que começam se organizar com muita autonomia e ceticismo nas cidades. E não temos uma previsão de onde isso vai chegar. Parece que estamos entrando em um longo interregno, ou seja, em um grande momento de passagem. E as lutas urbanas estão dentro desse processo de transformação.
[1] Entrevista elaborada por Isabella Oliveira, estagiária de Comunicação, e Gilka Resende, jornalista da FASE.
[2] Se refere a um processo de elitização de lugares da cidade que antes tinham características predominantemente populares, envolvendo o favorecimento de práticas de especulação imobiliária.